Crítica Doona! | Dorama da Netflix tem ritmo lento e gostoso de assistir
Por Diandra Guedes • Editado por Durval Ramos |

Quem gosta de um bom dorama, já tem mais uma opção para maratonar na Netflix. Dessa vez, trata-se de Doona!, uma série em nove capítulos que conta uma história divertida, leve e muito gostosa de assistir. Com um triângulo amoroso servindo de base — no melhor estilo Malhação — a trama nos apresenta a Won-jun (Yang Se-jong), um menino bonzinho que se muda para uma república perto da faculdade a fim de evitar a longa distância.
- Doramas | As 10 melhores series de drama coreanas para assistir na Netflix
- 10 melhores séries coreanas românticas na Netflix
Ao chegar no prédio, ele conhece uma jovem excêntrica que o trata de maneira fria. Mesmo assim, Won-jun parece nutrir um certo fascínio por ela, ainda que não saiba se tratar de Lee-Doona (Bae Suzy), uma ex-cantora de k-pop que fez muito sucesso na Coréia do Sul, mas que por algum motivo hoje vive isolada, sem amigos e no andar de baixo de um edifício simples e cafona.
A partir daí, a série constrói, aos poucos, a dinâmica entre os dois. Primeiro parece um jogo de gato e rato, no qual o rapaz tenta se aproximar carinhosamente e Doona o repele por meio das suas tiradas ácidas. Depois, o jogo se inverte e é Won-jun que prefere ficar quieto, enquanto a ex-estrela pop o perturba a todo momento. Sem se apressar, o dorama da Netflix toma tempo para criar cada personagem e a relação entre eles, adicionando outras pessoas à história aos poucos, assim como quem adiciona ingredientes em uma receita de bolo.
Um desses ingredientes, ou melhor, personagens é uma antiga amiga de Won-jun que nutre por ele uma paixão desde muito tempo. O mocinho parece corresponder, deixando o público sem saber com quem ele ficará afinal.
Esse triângulo amoroso é o que faz a série ganhar fôlego e é muito interessante ver como ele é construído, sem beijos, sem carícias e sem sexo — muito diferente do que acontece nas produções ocidentais.
Outro ponto que merece atenção é que Doona! cria personagens cativantes e comuns. Desse modo, não há ninguém totalmente mal e nem bonzinho demais. Todos merecem uma chance. Assim, fica difícil torcer para que essa ou aquela mocinha lace o coração do protagonista, o que torna a obra mais interessante, pois a cada novo capítulo o público pode mudar de opinião.
Primeira metade é rasa, mas segunda promete melhorar
Deixando os pontos positivos um pouco de lado, convém falar que os quatro primeiros episódios ao qual o Canaltech teve acesso antecipadamente são bem rasos e pouco aprofundam a história de vida dos personagens. Sabe-se que Lee-Doona tem um passado conturbado que a fez desistir de cantar. Algumas cenas dão a entender que ela teve um burnout e que sofreu abuso psicológico de seu empresário, mas esse arco não é explorado.
Avançando na trama, Choi I-ra, uma ex-amiga/namorada de Won-jun, que viveu muitos anos no Brasil, também reaparece para perturbá-lo. A série mostra um pouco da infância dos dois, mas ainda não é o suficiente para entendermos essa relação por completo.
Os próximos episódios prometem focar mais nestes pormenores, especialmente na vida de Doona, mas é uma pena que a série tenha deixado tudo para a segunda metade, já que o que faz dela uma boa produção é justamente o ritmo lento e sem pressa de acabar. Se os próximos capítulos tiverem que correr para entregar toda a trama, a produção vai perder seu charme e se tornar só mais uma entre as várias do catálogo do streaming.
A inversão de papéis cai bem à trama
Sem mais delongas, pode-se dizer que Doona! é um ótimo dorama da Netflix e tem potencial para conquistar também aqueles que não são muito fãs de obras coreanas, mas querem assistir a um romance leve e gostoso — pelo menos até agora.
Vale dizer que o grande ponto positivo da série é que ela fez uma inversão de papéis muito bem trabalhada e sem dar muito alarde a isso. Quem lê a sinopse entende que a relação pessoa comum (Won-jun) e estrela do pop (Doona) seguirá pelo caminho já esperado, com ele infernizando a vida dela ou fazendo de tudo para se aproximar, mas ao construir uma artista perdida em si mesma e sem amigos, a série dá a chance de Doona virar a inconveniente.
É muito interessante ver esse outro lado da moeda que parece até mais verídico, para falar a verdade. Ótima escolha dos roteiristas e excelente execução da direção. Por fim, quem quiser dar uma chance à série, poderá maratonar todos os episódios na Netflix a partir do dia 20 de outubro.