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Crítica | 4ª temporada de The Crown revive popularidade da Princesa Diana

Por| 17 de Novembro de 2020 às 16h20

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Divulgação: Netflix
Divulgação: Netflix

Há quatro anos estamos acompanhando a história do legado de Elizabeth II, a Rainha da Inglaterra, na série The Crown, produção original da Netflix. A temática "família real" não é novidade no mundo do entretenimento, mas a trama vem conquistando uma legião de fãs por trazer à tona os acontecimentos mais recentes do reinado atual, aproximando mais o espectador desses personagens da vida real.

Vimos, nas primeiras temporadas, como foi o processo de coroação de Elizabeth, inicialmente ainda interpretada por Claire Foy, após a morte do seu pai, o Rei George VI, e acompanhamos a adaptação para o cargo e os conflitos que agora estavam em suas mãos. A atriz conseguiu, brilhantemente, fazer com que a história da rainha se tornasse admirável, uma vez que ela já está no cargo mais importante da Inglaterra há nada menos que 68 anos.

Na terceira temporada, após um salto temporal, Elizabeth começou a ser interpretada por Olivia Colman, se mostrando uma pessoa mais experiente e determinada, e vimos ainda mais o desenvolvimento dos filhos, que eventualmente acabariam "roubando" a cena na série. Foi o que aconteceu na quarta temporada, que dá mais visibilidade à princesa que conquistou o coração não só dos britânicos, como do mundo todo, se tornando um dos membros mais populares da realeza: Lady Di.

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Atenção: esta crítica contém spoilers da quarta temporada de The Crown!

Além de Lady Di, ou Princesa Diana, a nova temporada de The Crown também traz à vida novamente Margaret Thatcher, que por 11 anos conviveu e trabalhou diretamente com Elizabeth, enquanto ocupava o cargo de primeira-ministra do Reino Unido. Os novos episódios, definitivamente, são comandados pelas mulheres. Ambas as novas personagens se tornaram o centro da atenção da temporada, revivendo acontecimentos históricos que ficaram marcados na história da realeza britânica.

Margaret Thatcher não era uma mulher, digamos assim, agradável. Suas duras decisões não só entravam em conflito com a eainha constantemente, como também desagradavam à população e aqueles que trabalhavam com ela. Independente de suas crenças e ideologias, Thatcher era sutilmente discriminada por ser uma mulher no poder, algo que na série ela mostrava compreender, mas ainda assim não deixava de cumprir com suas missões enraizadas, como servir e cozinhar para o marido, algo que sentia prazer em fazer. Ela também não demonstrava qualquer interesse em se aliar à Elizabeth para tentar criar uma forma de união feminina.

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A representação da importância da chegada de uma mulher a um cargo tão importante é destacada logo no início, sem precisar de muitas falas, já que o ditado diz que "uma imagem fala mais que mil palavras". Momentos após receber o título de primeira-ministra, ela tira uma foto com o restante da equipe, ficando ao centro de um grupo que consiste, majoritariamente, de homens brancos e mais velhos.

Interpretada por Gillian Anderson, mais conhecida pelo clássico Arquivo X, Thatcher foi incrivelmente representada. A atriz foi capaz, através de sua atuação madura e dedicada, de representar a personalidade forte da primeira-ministra, sempre dura e prática em suas falas, trazendo para a tela até mesmo o modo de falar pausado e com aparente dificuldade de respiração, característica marcante da "Dama de Ferro".

Mas quem roubou mesmo a cena nesta nova temporada de The Crown foi Emma Corrin, que interpretou a saudosa Lady Di. Além de ser surpreendentemente semelhante à princesa, a atriz conseguiu reproduzir seus trejeitos comandados pela timidez, característica que a torna automaticamente uma pessoa simples. Quem viveu parte da época do seu relacionamento com o Príncipe Charles teve a oportunidade de acompanhar a comoção mundial que a sua existência na família real provocou, deixando fãs por onde quer que passasse. Porém, na realidade, o relacionamento da jovem com a realeza britânica foi turbulenta, rendendo algumas teorias da conspiração que perduram até hoje.

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Na trama, não há como se revoltar com o tratamento recebido por Diana e pelas constantes humilhações enfrentadas por Charles e sua família. A adaptação de uma história que aconteceu de verdade para a ficção tem seus erros e acertos, mas o desenrolar dos casos são apenas detalhes quando se sabe como tudo começou. Charles, interpretado por Josh O'Connor, passou grande parte da sua vida amando quem não poderia ter, no caso Camilla Parker Bowles (Emerald Fennell), e escolheu Diana como sua esposa apenas por uma obrigação social — ou real.

Tudo isso rendeu na solidão de Lady Di, que sempre se mostrou uma pessoa sensível e que sentia a necessidade de ser amada, afinal não teria se casado por aparências. Seus problemas no casamento rendiam ainda em um distúrbio alimentar, que aparece em alguns episódios com aviso de gatilho. A traição constante de Charles com Camilla também a fazia procurar outros homens, o que aparentava ser algo ruim apenas do lado dela, que mesmo com dois filhos não tinha a atenção que deveria ter recebido.

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Não há como assistir aos dramas enfrentados por Lady Di sem pensar como uma "cutucada" da produção da série na família real, que desde a morte da princesa vem sendo apontada como a vilã da história. Na temporada, não só Charles, como a Princesa Anne e a Rainha Elizabeth ganham falas que os tornam odiáveis, uma vez que carecem de empatia e se enfurecem constantemente apenas por Diana ser tão amada pela população, ofuscando seus brilhos reais. Inclusive, logo após o lançamento dos novos episódios, um porta-voz da família real se pronunciou afirmando que tudo foi inventado, nos deixando tirar nossas próprias conclusões sobre essa revolta.

Mesmo em meio a tantos conflitos, Diana não é apresentada somente como uma pessoa injustiçada, uma vítima da família real. Sua personalidade também recebe um grande destaque, seja pela dedicação aos filhos ou pela sua paixão pela dança, atividade que ficou de lado após o casamento. É possível, inclusive, que toda a temporada tenha sido prestada como uma homenagem a quem Diana era antes do casamento com Charles.

Outros fatos históricos também marcaram presença na quarta temporada de The Crown, como a invasão de um homem desempregado e revoltado com o andamento do país ao Palácio de Buckingham, se tornando uma das maiores falhas de segurança dos últimos tempos da história da família. O acontecimento ganha um episódio dedicado a isso, dando espaço para que o descontentamento com a realeza e com as decisões de Thatcher fosse bem explicados, afinal o que seria de uma série sobre política e monarquia sem seus defeitos técnicos.

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Também é trazido à tona um fato que, provavelmente, poucos saibam. Elizabeth e sua irmã, Margaret (Helena Boham-Carter) possuem duas primas, Nerissa e Katherine Bowes-Lyon, que tiveram seus cuidados neglicenciados por sofrerem de condições mentais severas. Elas foram internadas em um centro psiquiátrico em segredo, para que ninguém soubesse que a linhagem da família real, o que é defendido para poderem continuar no trono, não tinha o padrão de perfeição. A revelação é feita em um episódio que fala sobre a saúde mental de Margaret, temática que também é debatida com a bulimia de Diana.

A temporada, de fato, não deixou as coisas fáceis para a reputação da família real, deixando qualquer membro da família Kardashian aliviado. Ao contrário das anteriores, foram poucos os momentos de glória exibidos, praticamente nenhum deles sendo admiráveis. Talvez nunca saberemos o que, exatamente, aconteceu de verdade, o quanto foi aumentado ou inventado. Mas, como citado anteriormente, rumores tão escandalosos não surgem a partir de nada, ficando livres para a interpretação. Mais uma vez, The Crown conseguiu oferecer com maestria uma nova perspectiva sobre a realeza britânica através do entretenimento.

Todas as temporadas de The Crown estão disponíveis na Netflix.