A Casa do Dragão | Por que o príncipe Aemond Targaryen não tem um dragão?
Por Durval Ramos | Editado por Jones Oliveira | 26 de Setembro de 2022 às 21h30
O sexto episódio de A Casa do Dragão trouxe uma passagem de tempo de dez anos e adicionou novos personagens ao elenco — além de trazer um caminhão de questionamentos sobre o universo de Westeros. Entre os novos rostos que acabam de chegar está o do jovem Aemond Targaryen (Leo Ashton), o único dos príncipes que não tem um dragão.
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O fato de ele ser o único da família a não ter um lagarto voador é um dos pontos centrais do capítulo, não só pelo bullying que sofre do irmão e dos sobrinhos, mas por isso também servir de ponto de atrito entre sua mãe, Alicent Hightower (Olivia Cooke), e a tia Rhaenyra Targaryen (Emma D’Arcy).
A ponto é que, apesar de todo o destaque dado a esse detalhe da história, a série não se preocupou muito em explicar o porquê de o filho do rei não ter seu dragão. Há algumas sugestões aqui e ali no roteiro, mas nada muito claro — o que deixou muita gente em dúvida sobre as razões disso.
A dúvida da série
A Casa do Dragão não traz nenhuma explicação clara para o porquê de Aemond Targaryen não ter um dragão. E as coisas se tornam ainda mais confusas quando a série inventa algumas tradições e justificativas que apenas embolam ainda mais as coisas.
Já nos primeiros episódios do seriado, fica estabelecido que um ovo é dado para cada Targaryen que vai nascer. Isso fica claro quando Daemon (Matt Smith) rouba um dos ovos para dar para o filho que ele ainda não tem. No diálogo com a pequena Rhaenyra (Milly Alcock), ele fala sobre esse costume familiar e que o próprio Viserys I (Paddy Considine) fez isso com a princesa, indicando ser algo que a família faz há muito tempo.
A explicação para essa tradição é simples — embora não faça lá muito sentido. A lógica é fazer com que a criança e seu dragão criem um vínculo literalmente de berço, para que cresçam unidos quase como pelo destino. É algo que soa muito mais como superstição do que algo realmente racional. Mas estamos falando de um mundo de fantasia, então ok.
Contudo, a própria série se contradiz em alguns momentos e dá a entender que esse costume costuma a ser um tanto quanto falho. Viserys fala em outro momento que o seu dragão era Belarion, o mesmo usado por Aegon, o Conquistador quando ele chegou a Westeros cem anos antes.
Esse detalhe é importante porque estabelece algo básico para responder o mistério de Aemond: nem todos os montadores de dragão parecem ter criado essa ligação a partir do ovo no berço. Para boa parte deles doma uma criatura que já pertenceu a outra pessoa, como no caso do próprio rei com Belarion.
Do jeito que a série apresenta a princípio, dá a entender que cada Targaryen nasce com um dragão destinado para ser seu, o que não é bem verdade — e que parece ser a sina de Aemond. O seu irmão Aegon, inclusive, herda Sunfyre, que estava destinado ao bebê que morre no primeiro episódio e não fica claro se o dragão chocou nesse meio tempo ou apenas o nascimento do príncipe onanista.
Mas por que Aemond não tem um dragão?
A grande confusão surge porque parece não haver uma lógica para a distribuição dos ovos. Pelo menos dois filhos da Rhaenyra são mais novos que Aemond e eles já têm seus dragões ou ovos, o que fez muita gente se perguntar por que o garoto tem que aguentar a zombaria com porcos e coisas do tipo.
Uma explicação possível é que os dragões não se reproduzem com a mesma velocidade que os Targaryen, o que faz com que a disponibilidade de ovos não seja tão farta assim. Desse modo, haveria uma ordem lógica para a distribuição dessa herança tão poderosa.
Rhaenyra é a herdeira do Trono de Ferro e, por isso, faria todo o sentido que a sua linhagem recebesse prioridade nos ovos e na hora de domar um dragão sem dono. E, levando em conta que Aegon II nasceu muito tempo antes, é até compreensível ele ter herdado Sunfyre — ele era o único recém-nascido e havia um ovo sobrando naquela época.
Assim, com o nascimento das demais crianças, a oferta diminuiu e foi preciso seguir essa lógica de sucessão, o que explicaria por que Aemond e Haelena não têm seus próprios dragões a essa altura do campeonato.
Isso não justifica, porém, por que as filhas de Daemon também receberam ovos. No sexto episódio de A Casa do Dragão, é dito que a família possui três dragões à sua disposição e que aguarda a chegada de um quarto. Dois deles são justificáveis: Caraxes era de Daemon, enquanto Vhagar já pertencia a Laena (Nanna Blondell). No entanto, o terceiro e o ovo que não chocou não se encaixam nessa tradição dos Targaryen.
O que diz o livro
Quem espera encontrar uma resposta mais clara para a ausência de um dragão para Amond vai se decepcionar. Isso porque, assim como na série, não há uma explicação mais objetiva do porquê o garoto ficou sem um ovo para chamar de seu ao nascer.
O ponto é que, embora Aemond realmente não tenha um dragão no livro, isso nunca foi um grande questionamento pois é dado o quanto é complicado fazer com que as feras voadoras deem cria. É até por isso que o costume de domar um dragão é bem mais comum do que ganhar um ovo, ao contrário do que a série dá a entender. É por isso que Viserys I usa Belarion, o lendário dragão negro que pertenceu a Aegon, o Conquistador, ao invés de ter tido um ovo só seu.
Mais do que isso, o livro deixa claro que a própria Rhaenyra montou em Syrax dessa forma. Embora o seu dragão ainda fosse novo na época — ou seja, nunca teve outro montador antes —, a garota tinha apenas sete anos quando voou pela primeira vez. Até mesmo o seu meio-irmão, Aegon II, só montou em Sunfyre aos 13 anos de idade.
É essa percepção que ficou deficitária em A Casa do Dragão. Com tanto bicho voando, cuspindo fogo e botando ovo por Westeros, realmente é fácil de acreditar que ver um dragão nascendo é apenas mais uma quarta-feira nos Sete Reinos. Contudo, como o próprio Aemond já demonstrou, a vida é difícil até mesmo para os Targaryen e muitos deles dariam um olho para conseguir ter uma dessas criaturas.
Assim, a confusão surge quando a série dá a entender que todo Targaryen recebe um dragão ao nascer, o que não é bem verdade. Parece um detalhe, mas é o tipo de coisa que passa meio batido no roteiro e gera questionamentos quando a história vai ao ar. E isso é fundamental, principalmente para a briga familiar que está por vir.
A Casa do Dragão está disponível na HBO Max.