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Uso de softwares espiões cresce na pandemia e coloca em risco vítimas de abusos

Por| Editado por Claudio Yuge | 05 de Agosto de 2021 às 14h30

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Karspersky
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Enquanto softwares de monitoramento podem ajudar a proteger casas e pessoas, eles também podem ser usados para espionar sem que os alvos saibam disso. Segundo a Coalition Against Stalkerware, a pandemia do COVID-19 resultou em um grande crescimento no uso de aplicativos de espionagem que colocam em risco parceiros íntimos vítimas de abusos e aumentam a violência de gênero.

Fundada em 2019, a Coalition Against Stalkerware (CAS)é formada por organizações sem fins lucrativos, defensores da segurança e empresas de proteção cibernética, e tem como objetivo alertar sobre os riscos que avanços tecnológicos podem trazer. Embora muitos dos softwares usados para acompanhar e vigiar os passos de uma pessoa sejam vendidos como ferramentas inofensivas, na prática muitos têm ajudado nas atividades de perseguidores (ou stalkers) — disso decorre a classificação deles como stalkerwares.

Segundo o grupo, stalkerwares geralmente são usados por indivíduos únicos para escutar ligações telefônicas, ter acesso a mensagens privadas e a localização de seu alvo, que não sabe que está sendo vigiado. Enquanto a infecção dos dispositivos normalmente exige que eles sejam manuseados fisicamente, também há como instalar os softwares através de mensagens de SMS maliciosas ou por e-mails de phishing em casos mais raros.

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Um estudo conduzido pela WESNET na Austrália mostra que 99,3% dos advogados que lidam com casos de violência doméstica no país relatam que a tecnologia facilitou o abuso psicológico de seus clientes. Somente entre 2015 e 2020, houve um aumento de 183,2% no número de câmeras de vídeo usadas com esse propósito.

Internet das Coisas aumenta riscos

“Eles não se escondem de uma análise forense”, explicou à ZDNet Lodrina Cherne, principal defensora de segurança da Cybereason. “Mas eles estão escondidos do usuário”, complementa. Embora stalkerwares sejam mais fáceis de encontrar no Android, também há como instalá-los em aparelhos iOS que tenham sido desbloqueados — há alternativas para desktops, que são usadas de forma mais pontual.

Enquanto celulares são os meios mais usados para a instalação de stalkerwares, dispositivos que pertencem à chamada Internet das Coisas também podem apresentar riscos à segurança de um alvo. Câmeras de segurança, rastreadores Bluetooth, contas compartilhadas em redes sociais e outros aparelhos inteligentes que se conectam à internet também podem abrir portas para abusos.

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Segundo Martijn Grooten, consultor e coordenador da Coalition Against Stalkerware, até mesmo termostatos ajustados remotamente podem ser usados por uma pessoa para demonstrar poder sobre sua vítima. “O abuso da tecnologia raramente envolve o hackeamento, mas sim a exploração de um recurso da tecnologia — elas raramente são construídas com a violência contra parceiros íntimos em mente”, explica.

O Stalking Prevention Awareness & Resourse Center (SPARC) dos Estados Unidos mostra que uma em quatro vítimas de abusos domésticos afirma que a tecnologia teve algum envolvimento em seus casos. Para Grooten, vítimas que acreditam serem alvos constante de vigilância devem ser ouvidas e levadas a sério, já que esse não se trata de um problema meramente técnico.

“Em anos recentes, o problema com o stalkerware tem crescido globalmente”, alerta a coalizão, que tem entre seus membros nomes como F-Secure, a Electronic Frontier Foundation, Kaspersky e a National Network to End Domestic Violence, bem como o apoio da Interpol. A situação tem gerado preocupação entre empresas de cibersegurança, que testemunham cada vez mais pessoas tendo que lidar com infecções de softwares espiões.

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No Brasil, a perseguição — ou stalking — é considerada crime, que teve penas endurecidas em março deste ano. Infratores podem pegar de seis meses a três anos de reclusão em regime fechado, com aumento de 50% da pena quando o crime é cometido contra crianças, adolescentes, idosos, mulheres por condição do sexo feminino e quanto há o uso de armas para intimidação.

Fonte: ZDNet