Suas conversas no ChatGPT estão aparecendo em ferramenta de SEO do Google
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Jones Oliveira |
Jason Packer, da empresa de consultoria de analytics Quantable, descobriu que pesquisas feitas no ChatGPT estavam vazando para um local inesperado, o Console de Busca da Google (Google Search Console, ou GSC), ferramenta usada por desenvolvedores para monitorar o tráfego de pesquisas no famoso buscador.
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Normalmente, o aplicativo só serve para consultas, mostrando palavras-chave ou frases curtas usadas pelos usuários para fazer suas pesquisas. Em setembro deste ano, no entanto, pesquisas estranhas com até 300 caracteres começaram a aparecer no GSC, aparentemente chats abertos por usuários para conversar com a ferramenta da OpenAI. Como isso aconteceu?
ChatGPT e o GSC
Packer se juntou ao consultor de otimização web Slobodan Manić para estudar o problema, que eles acreditam ter servido para provar que a OpenAI vasculha o Google e usa o buscador para fazer pesquisas a partir de perguntas dos usuários. A empresa, aparentemente, está comprometendo a privacidade dos usuários, em alguns casos para manter o engajamento ao coletar dados que a Google não compartilharia de outra forma.
A OpenAI se recusou a comentar o caso diretamente, mas confirmou aos pesquisadores que estava ciente do problema e “resolveu uma falha que temporariamente afetou o caminho feito por algumas buscas”. A Google também não comentou o caso.
No GSC, a primeira pesquisa estranha era um fluxo de consciência de uma usuária que pediu ao ChatGPT para avaliar o comportamento de um garoto para saber se ele gostava dela; outra era de um gerente compartilhando informações de negócios para planejar um retorno ao trabalho.
Cerca de 200 pesquisas estranhas apareceram na ferramenta, mostrando que os prompts não são privados como os usuários gostariam de pensar. Reportagens como a do The Information, de agosto, afirmam que a OpenAI usa pesquisas do Google para suas respostas, especialmente no que tange a informações sobre eventos atuais, como esportes ou notícias.
Manić notou que as pesquisas do chatbot apareceram no GSC sempre com o endereço “https://openai.com/index/chatgpt/” no início. Aparentemente, a Google “tokenizou” a URL, quebrando-a em uma busca com várias palavras-chave combinadas: “openai + index + chatgpt”.
Sites com GSC com ranking alto para essas palavras-chave ficaram mais suscetíveis a dar de cara com vazamentos do ChatGPT, segundo os pesquisadores, especialmente sites que cobriram vazamentos anteriores do chatbot.
Embora a pesquisa não tenha sido totalmente conclusiva, os especialistas acreditam que o bug estivesse no parâmetro “hints=search”, que erroneamente ficou sempre na URL de alguns usuários, o que faz com que a ferramenta busque no Google por informações necessárias. Normalmente, ela só faria isso se julgasse indispensável para responder.
O problema é diferente do que ocorreu no início do ano, onde usuários, sem estarem totalmente cientes, escolheram compartilhar seus chats com a Google. Nesse caso, os usuários não concordaram com nada, e, aparentemente, não há maneira de remover os chats vazados do GSC.
A conclusão dos pesquisadores é de que a OpenAI deveria se preocupar mais com a privacidade dos usuários, e, ainda, aumentar a transparência de incidentes como este, já que pouco se sabe sobre o vazamento ou se sua causa realmente foi consertada.
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Fonte: The Information, Quantable