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Site falso promove suposto show do Pearl Jam no Brasil para aplicar golpes

Por  • Editado por Bruno De Blasi | 

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Jurian Kersten/Unsplash
Jurian Kersten/Unsplash

Anúncios que promovem um suposto show da banda Pearl Jam no Brasil apareceram no Instagram nos últimos dias. O post leva a um site falso que simula a identidade da plataforma de ingressos Eventim, enquanto a banda de rock dos EUA não tem datas confirmadas no país.

De acordo com relatos na rede social X, os posts apareceram no último final de semana e rapidamente foram compartilhados com avisos de golpes pela comunidade. 

A mesma estratégia foi usada há algumas semanas para divulgar um suposto show da cantora Billie Eilish — novamente, um perfil ofereceu ingressos em site similar ao da organizadora de eventos e mencionou datas que não foram confirmadas pela artista.

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Procurada pelo Canaltech, a Eventim disse que tomou medidas legais para impedir o uso indevido da marca nos sites e “não reconhece a venda de ingressos para o evento da Billie Eilish e/ou Pearl Jam”. A empresa ainda recomenda que consumidores entrem nos canais oficiais antes de qualquer compra.

Site falso e datas inexistentes

O anúncio no Instagram traz um pôster com os supostos shows e simula a comunicação da Eventim nas redes sociais para promover eventos. As apresentações ocorreriam nos dias 13 e 20 de setembro em São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), respectivamente, mas as datas não existem no site oficial da banda de grunge e nem da organizadora.

De acordo com um print postado pelo usuário @jogosspfc no X (antigo Twitter), a publicação é repleta de comentários de perfis com emojis sobre o show — não é possível confirmar, mas a prática lembra o uso de bots na plataforma. 

O link promovido leva a uma página com endereço genérico, mas identidade visual praticamente idêntica ao site da vendedora de ingressos. Alguns detalhes podem passar despercebidos ao bater o olho sobre a tela, mas logo é possível perceber indícios de fraude — além da URL diferente, não é possível clicar em itens do rodapé da página.

O processo de compra inclusive lista ingressos por setor e até exige um login com a conta da plataforma para avançar às próximas etapas.

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A reportagem também procurou a Meta, visto que os anúncios foram encontrados no Instagram. A Big Tech reforçou que atividades fraudulentas não são permitidas na plataforma e recomendou que as pessoas denunciem as tentativas de golpe.

Veja a nota na íntegra:

"Atividades que tenham como objetivo enganar, fraudar ou explorar terceiros não são permitidas em nossas plataformas e estamos sempre aprimorando a nossa tecnologia para combater atividades suspeitas. Também recomendamos que as pessoas denunciem quaisquer conteúdos que acreditem ir contra os Padrões da Comunidade do Facebook, das Diretrizes da Comunidade do Instagram e os Padrões de Publicidade da Meta através dos próprios aplicativos".

Como se proteger dos ‘shows falsos’

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Ao se deparar com um anúncio do tipo, é muito importante conferir as fontes oficiais para verificar se o show de fato vai acontecer

Além de prejuízo financeiro (pagar por algo que não existe ou não foi anunciado no canal oficial), o golpe pode expor dados sensíveis e até deixar a vítima propensa a malwares, como informa o pesquisador de cibersegurança da ESET Daniel Barbosa:

“Todas as informações preenchidas nos formulários de cadastro ficarão em poder dos cibercriminosos, que podem usá-las para cometer outros tipos de golpe no futuro. Além disso, campanhas maliciosas frequentemente também são usadas para propagar malwares”, explica.

O principal ponto de atenção, segundo Daniel Barbosa, é confirmar se o link da venda é oficial

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“Criminosos frequentemente tentam reproduzir a aparência de páginas oficiais de venda de ingressos, mas o link de acesso costuma divergir do original. Se a aparência da página não corresponder ao domínio legítimo, é sinal de que você provavelmente entrou em um ambiente malicioso”, alerta.

O que fazer se você foi vítima de um golpe do tipo

Caso você tenha comprado o ingresso para um show que não existe, existem algumas alternativas para evitar o prejuízo.

A advogada especialista em direito civil e direito do consumidor Amanda Cunha aponta três caminhos: relatar o ocorrido para a instituição financeira responsável para cancelar a transação, denunciar o anúncio original nas redes sociais e criar um boletim de ocorrência.

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“Ao identificar que foi vítima de um golpe envolvendo anúncio fraudulento, o usuário deve agir imediatamente. O primeiro passo é notificar a instituição financeira responsável pelo pagamento, solicitando o cancelamento da transação ou o estorno, alegando se tratar de uma fraude.  Em seguida, é importante denunciar o conteúdo falso na própria rede social, como o Instagram, e nas plataformas envolvidas na venda. A vítima também deve registrar um boletim de ocorrência e reunir todas as provas (prints, e-mails, transações, URLs), pois, em caso de prejuízos financeiros e/ou emocionais, é possível ajuizar uma ação judicial para obter reparação por danos materiais e morais”.

Amanda Cunha também alerta para o risco de publicações do tipo aparecerem no Instagram sem restrições. 

“Quando um golpe é veiculado como anúncio patrocinado, o usuário pode entender que há uma chancela ou verificação da rede social, o que aumenta o nível de confiança e reduz a suspeita da fraude. Isso pode levar o consumidor a clicar no link e realizar pagamentos sem a devida cautela”, conclui.

Em teste feito pelo Canaltech, o site falso com a suposta venda de ingressos continuava no ar até o momento da publicação da matéria.

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