Google vai bancar projeto para Linux que pode aumentar segurança do Chrome
Por Felipe Gugelmin • Editado por Claudio Yuge |
Produtos como o sistema operacional Android e o navegador Chrome podem se tornar mais seguros graças a uma nova iniciativa. Nesta quinta-feira (17), o Google divulgou que vai financiar um projeto que pretende reescrever partes centrais do kernel do Linux na linguagem de programação Rust.
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Considerado como o "coração do sistema", o kernel do Linux poderá ter algumas de suas partes centrais alteradas para trabalhar com a linguagem de programação. Como ele é compartilhado por diversos projetos — incluindo aqueles desenvolvidos pelo Google — qualquer ganho de segurança visto nele deve beneficiar diretamente o Gigante das Buscas.
O projeto será comandado por Miguel Ojeda, que tem em seu currículo a linguagem de segurança usada pelo Grande Colisor de Hádrons da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla em inglês). O Google vai bancar o contrato, que será estendido por meio do Internet Security Group, organização sem fins lucrativos também responsável pela iniciativa Let’s Encrypt, que oferece certificação gratuita para sites que desejam usar criptografia.
Em seu site pessoal, Ojeda sugeriu um total de 13 mudanças no Linux para iniciar seu trabalho de torná-lo mais seguro. Segundo ele, a adoção do Rust vai permitir que mais pessoas se envolvam no desenvolvimento do kernel graças à sua maior acessibilidade e à grande quantidade de documentação disponível.
Mudanças ainda dependem de aprovação
Apesar de o kernel do Linux já ter sido atualizado outras vezes, ele é escrito essencialmente em C — uma linguagem poderosa, mas antiga, que data de 1972. A idade avançada a torna mais suscetível a ataques do que códigos de programação mais recentes como o Rust, que traz o potencial de fechar brechas conhecidas que permitem a realização de ataques contra dispositivos móveis, computadores pessoais e servidores.
Mesmo com o apoio do Google, não está claro se a nova linguagem realmente vai ser aplicada sobre o kernel do Linux. Embora Linus Torvalds, fundador do sistema operacional, tenha se mostrado disposto a adotar as mudanças caso elas se mostrem valiosas, as modificações propostas ainda precisam passar pela aprovação do grupo que gerencia o núcleo do programa.
A intenção da iniciativa não é reescrever totalmente os códigos em C, mas sim selecionar partes específicas que precisam de melhorias na proteção. Enquanto as mudanças no kernel do Linux ainda não se tornam reais, o Google já passou a usar o Rust como forma de aprimorar o Android — em abril deste ano, a empresa liberou o uso da linguagem no sistema operacional após dedicar 18 meses a testes que asseguraram sua eficiência e segurança.