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Entre home office e modelos híbridos, investimento em segurança deve crescer 14%

Por| Editado por Claudio Yuge | 23 de Setembro de 2021 às 17h00

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A aceleração da adoção do home office e, com a reabertura, dos modelos de trabalho híbridos também deve se refletir em um crescimento do mercado brasileiro de segurança digital. A expectativa é de investimentos de US$ 1,8 bilhão até o final de 2021, representando um aumento de 13,6% em relação ao que foi registrado no ano passado, já um período de movimentação rápida devido às necessidades de segurança enquanto os colaboradores passavam a trabalhar de casa.

Os dados são do IDC, especializado em levantamentos sobre o mercado de tecnologia, e foram apresentados durante evento promovido pela empresa de segurança Check Point. Eles demonstram dois cenários distintos: de um lado, está uma tendência de aumento nos incidentes cibernéticos, que se tornam cada vez mais sofisticados e perigosos; de outro, uma preocupação maior com isso. Ainda que os dois casos nem sempre caminhem lado a lado, ainda assim, a perspectiva é de uma melhoria generalizada no ambiente de proteção, ainda que os desafios em relação a isso continuem sendo um bocado grandes.

Um reflexo dessa adequação se dá, por exemplo, em uma medida de 48,6% do montante investido em 2021 sendo voltado a software ou inteligência embarcada. “Enquanto os ambientes híbridos seguem com adoção avançada, essas soluções passam a ser mescladas com outros modelos de infraestrutura”, explica Luciano Ramos, diretor de engenharia de segurança do IDC.

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Segundo os dados do IDC, 49% das empresas têm uma abordagem múltipla, com 63% delas tendo a nuvem como parte integrante da infraestrutura. Esses números se dividem entre 29% de clouds privadas e 11% públicas, enquanto 37% ainda estão trabalhando apenas com data centers tradicionais. “A utilização cada vez maior [dessa tecnologia] introduziu novas complexidades e exigiram que a abordagem fosse repensada”, completa o especialista, apontando esse universo em expansão como um dos principais motivos para o aumento nos investimentos.

Apesar de esse aspecto se refletir em gastos mais altos, Ramos vê a tendência como positiva, já que também demonstra um aumento continuado nos orçamentos voltados à tecnologia. Com isso, a expectativa do IDC é de um crescimento de 10% ano a ano, até 2024, no setor de segurança brasileiro, com a categoria de software sendo a maior ganhadora nesse cenário, com uma ampliação de 15% a cada período.

Indecisos diante da mudança

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A expectativa de ampliação também conversa diretamente com outro dado apresentado pelo IDC. Enquanto 43% das empresas brasileiras já optaram por adotar o modelo híbrido, outras 14% retornarão a um regime presencial, enquanto 9% se tornaram totalmente remotas. A chave para o crescimento, porém, está em um total de 33% de corporações que ainda não tomaram uma decisão e podem contribuir significativamente com a implementação de novos sistemas de segurança, atualização do parque tecnológico e soluções de cloud computing.

Enquanto a resposta a incidentes e a defesa não necessariamente caminham juntos, essa adoção precisa. “Precisamos de uma abordagem de alto nível, que integre diferentes sistemas e eleve o nível de segurança. Quando [as plataformas] trabalham juntas, elas fornecerão maior proteção”, explica Gil Shwed, fundador e CEO da Check Point. Na visão dele, não há como fugir da digitalização e isso vale, inclusive, para as companhias que decidirem adotar o regime presencial após o fim da pandemia de covid-19. “Nossa vida pessoal e também o trabalho dependem mais do que nunca das conexões. Ao mesmo tempo, o panorama de ataques também se tornou mais desafiador do que nunca.”

A ideia também é compartilhada por Ronaldo Lemos, advogado, professor e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro. Na visão dele, é justamente a conectividade que está permitindo a avaliação entre a permanência do regime presencial contra opções híbridas ou remotas, com uma mudança de realidade que deve ser a nova métrica da sociedade. “Mesmo em home office, não estamos trabalhando sozinhos. Nos conectamos a bandos de dados, ferramentas que auxiliam no dia a dia e também outras pessoas”, explica.

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Um clichê antigo, de que a informação seria o petróleo do século XXI, é usado por ele para definir o estado atual. O especialista aponta quatro pilares como os essenciais para o presente e o futuro: inteligência artificial, nuvem, Internet das Coisas e Big Data. Como o último exemplo já demonstra, todos dependem de dados, que darão a tônica das relações de trabalho, inovação e produtividade que gerarão as mudanças no nosso cotidiano ao longo das próximas décadas.

É aí que entra a importância da segurança digital, já que na medida em que os volumes de dados se tornam maiores e mais complexos, a velha ideia de um hacker jovem, trabalhando em um quarto escuro também não existe mais — essa, como a anterior, também é uma noção antiquada e que não deve servir como maneira de minimizar a importância das medidas de proteção.

Enquanto os ataques cibernéticos de hoje são realizados por quadrilhas organizadas, que às vezes contam até mesmo com financiamento e guarida de estados ou grupos políticos, a proteção também se tornou exigência legal. No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados vale desde 2018, com o prazo para adequação terminando no último mês de agosto. “A força dos dados e a necessidade de proteção não podem ser subestimadas e são centrais para a realidade de hoje”, completa Lemos.

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Os números do IDC, felizmente, apontam uma tendência positiva, com a preocupação com a segurança disparando na lista de prioridades das empresas brasileiras. De 51% em 2019, esse aspecto é de 70% no ano atual. Afinal de contas, segundo os dados, mais de 49% das organizações da América Latina já tiveram algum incidente de segurança, com essa estratégia se tornando um foco comum na indústria e, no final das contas, também ampliando investimentos e levando a indústria para a frente.