China acusa EUA de roubar R$ 69 bilhões em bitcoin em ataque hacker
Por Lillian Sibila Dala Costa • Editado por Jones Oliveira |

O Centro de Resposta Nacional de Emergência de Vírus de Computador da China (CVERC), a principal agência de cibersegurança do país, acusou os Estados Unidos de roubarem 127.272 bitcoins, equivalentes US$ 13 bilhões (cerca de R$ 69 bi, na cotação atual) em um ataque hacker feito em dezembro de 2020.
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Segundo o site Nikkei Asia, o CVERC detalhou o ciberataque na sua conta do WeChat, rede proeminente na China: a quantia teria sido subtraída de LuBian, instituição que é uma das mais prolíficas mineradoras de criptomoeda do mundo.
Os valores combinam com os que o Departamento de Justiça dos EUA afirma ter confiscado de Chen Zhi, da organização Prince Group, acusado de liderar centros de golpe no Camboja. Outros países, como Cingapura, Hong Kong e Taiwan também agiram contra a empresa, congelando até R$ 2.6 bilhões de ativos e prendendo 25 envolvidos.
Operação legítima ou violação internacional?
Embora o ataque hacker tenha ocorrido em 2020, as criptomoedas subtraídas ficaram dormentes por mais de quatro anos. Em 2024, os EUA teriam movimentado os fundos após a acusação formal de Zhi. Não há, no momento, uma ligação clara entre o empresário e LuBian, mas oficiais governamentais estadunidenses afirmam que Chen Zhi era proprietário da carteira de criptomoedas que continha os bitcoins em questão.
Segundo o governo chinês, a atividade não é a tipicamente realizada por hackers visando lucro, combinando mais com operações precisas orquestradas por uma organização hacker nacional. O confisco é o maior da história, batendo os US$ 6,7 bilhões (R$ 35 bi) que o Reino Unido confiscou da “Rainha dos Bitcoins”, que lavou dinheiro roubado de mais de 100.000 vítimas na China.
LuBian não possui nenhum registro de posse público, mas já foi o maior minerador de bitcoins no planeta, controlando cerca de 6% dos hashes globais. A operação aparentemente desapareceu do dia para a noite em 2021, o que analistas ligam com o hacking feito em 2020.
A trégua comercial recente combinada entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping tornam difícil entender por que a China resolveu liberar o comunicado agora, especialmente com a falta de ligação direta entre os casos, fora o valor estimado. Zhi nasceu no país, mas mora, atualmente, no Camboja, e provavelmente possui cidadania no local, com sua companhia sendo registrada em Phnom Penh.
Já LuBian tinha presença no Irã e na China, mas este último país baniu o comércio cripto em 2021. A situação mostra como ativos digitais são de administração complexa: se o valor confiscado pelos EUA fosse em moeda corrente, a operação teria de ser coordenada com o país de origem para armazenar e transferir o dinheiro, mas, como bitcoin e criptomoedas não possuem jurisdição específica, atividades ocultas podem ser realizadas com pouca ou nenhuma transparência.
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Fonte: Nikkei Asia