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Brasil registra quase 1,4 mil tentativas de fraude por minuto desde janeiro

Por| Editado por Claudio Yuge | 01 de Setembro de 2021 às 21h00

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Reprodução: Claudio Schwarz/Unsplash
Reprodução: Claudio Schwarz/Unsplash

A permanência dos regimes de home office e a ameaça sempre constante de malware e phishing levaram a um aumento de 23% no fluxo de ciberataques no Brasil. Os números representam apenas o que foi registrado entre janeiro e agosto deste ano, com um ritmo de 1.395 tentativas de fraude sendo detectadas por minuto contra empresas e usuários de nosso país.

Esse total, segundo aponta a Kaspersky, equivale apenas aos incidentes registrados a partir das 20 famílias de malware mais populares em atuação no país. No total, foram 481 milhões de tentativas de infecção até o final de agosto, com trojans para roubo de informações financeiras, adwares, ransomware e ataques de phishing estando entre os principais vetores de contaminação.

“2021 se provou um ano mais perigoso que o anterior. Poucas companhias estavam preparadas para o trabalho remoto e muitas habilitaram isso sem pensar, com aplicações e servidores vulneráveis”, afirma Dmitry Bestuzhev, diretor da equipe de pesquisa e análise da Kaspersky na América Latina. “O que vemos é um crescimento permanente em ataques ao escritório remoto, com mais companhias seguindo esse formato mesmo com o fim das restrições [impostas pela] pandemia.”

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As estações de trabalho Windows, por exemplo, foram alvos de 96 milhões de ataques em 2020, com um total de 288 milhões de tentativas de infecção contra computadores com o sistema operacional. Segundo Bestuzhev, é aqui que entra o perigo trazido pela ausência de atualizações, com servidores e computadores que não rodam as versões mais recentes das aplicações servindo como alvo fácil para os criminosos.

Chama a atenção, por exemplo, a aparição do WannaCry como uma das ameaças mais persistentes ainda em 2021, mesmo após ampla cobertura da imprensa e incentivos para atualização após uma onda de ataques em 2017. No segmento de Windows, também aparecem com destaque os ataques a sistemas de administração remotos, golpes financeiros que tentam fraudar contas bancárias, aplicações de espionagem e adwares, que exibem propagandas cuja renda vai direto para o bolso dos golpistas.

Tais pragas também foram bastante presentes no MacOS, com os mineradores de criptomoedas também aparecendo com ampla atividade, fruto de uma noção já falsa de que os computadores da Apple são menos suscetíveis a ataques e, sendo assim, não precisam de soluções de segurança. “Essas pragas exigem presença de longo prazo no equipamento e também alto poder de processamento, o que amplia a tendência de ataques”, explica Bestuzhev. O sistema operacional é alvo de cerca de nove ataques por hora, com 78 mil incidentes registrados neste ano.

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Já o Android segue tendo trojans de roubo de dados pessoais e bancários, bem como ferramentas de espionagem, como as maiores ameaças. Foram 173 mil ataques bloqueados pelos sistemas da Kaspersky entre janeiro e agosto de 2021, com direito a presença de malwares na loja oficial do Google. Segundo Bestuzhev, a ampla atividade de apps espiões é uma característica peculiar da América Latina, não representando um achado inédito, mas se tornando cada vez mais ativas enquanto se disfarçam como sistemas para monitorar crianças e funcionários.

Redução agridoce

A publicação do panorama de ameaças da Kaspersky para a América Latina trouxe consigo a notícia de que os ataques de phishing, normalmente usados como porta de entrada para sequestros digitais ou instalação de malwares, estão caindo. Por outro lado, os números ainda são altíssimos e o Brasil segue na liderança como o país mais atingido do território, com 15,4% dos internautas ainda relatando terem recebido tentativas de ataque.

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“As pessoas estão aprendendo a identificar melhor [essas fraudes], enquanto as empresas usam soluções de segurança que alertam sobre e-mails falsos e investem em treinamentos”, completa Bestuzhev. Não é, entretanto, o momento de vacilar, com a vigilância ainda tendo de ser mantida em alta para que os golpes continuem tendo baixa eficácia.

“O futuro da segurança passa pela proteção tanto de usuários quanto de grandes estruturas”, apontou Eugene Kaspersky, CEO da empresa de segurança. Na visão dele, o futuro reserva cada vez mais ataques contra sistemas críticos e empresas de infraestrutura, com treinamento, atenção e inteligência de ameaças sendo boas práticas para que as companhias se defendam.