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Afinal, como funciona o satélite quântico anti-hacker lançado pela China?

Por| 16 de Agosto de 2016 às 22h27

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Afinal, como funciona o satélite quântico anti-hacker lançado pela China?
Afinal, como funciona o satélite quântico anti-hacker lançado pela China?

Aumentando a potência de seu programa espacial, nesta terça-feira (16) a Academia Chinesa de Ciências anunciou o lançamento do primeiro satélite de comunicação quântica do mundo. Transportado pelo foguete Long March 2D, o equipamento partiu às 14h40 (horário de Brasília) do deserto de Gobi, no Norte da China.

Batizado como "Micius", em homenagem a um cientista e filósofo que viveu no século V a.C., o satélite promete revolucionar a segurança das telecomunicações, o que mostra o empenho do governo chinês em melhorar sua tecnologia. "Como os satélites Galileu e os telescópios Kepler, usamos o nome de um famoso cientista para o nosso primeiro satélite quântico. Esperamos que isso promova e aumente a confiança na cultura chinesa", disse o pesquisador que dirige o projeto de comunicação quântica via satélite, Pan Jianwei.

Para quem não sabe, este tipo de sistema visa a distribuição quântica para o estabelecimento de comunicações seguras. Assim, a expectativa é de que a China consiga desenvolver um método à prova de hackers e espiões. Isso é possível graças ao uso de fótons para o entrelaçamento quântico, o que faz com que duas partículas se mantenham ligadas mesmo diante de intervenções, como tentativas de interceptação ou de corte na comunicação.

De acordo com as informações divulgadas pela agência chinesa responsável pelo programa, o projeto, conhecido como Quantum Science Satellite (QUESS), deve beneficiar o desenvolvimento de um sistema de telecomunicações que possa ser utilizada em escala comercial e financeira, mas também, muito provavelmente, militar.

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Um pouco sobre o QUESS

Ao contrário dos satélites "comuns" que utilizam ondas de rádio para se comunicar com nosso planeta, o modelo chinês utilizará fótons para transmitir os dados criptografados – daí que vem o nome que destaca tanto o QUESS dos outros numerosos satélites que temos em órbita.

Na imagem é possível ver um diagrama dos principais componentes do satélite, bem como seus transmissores de fótons (Foto: Divulgação/Programa espacial chinês)

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Antes que tentemos entender o seu funcionamento por completo, é necessário compreender que o QUESS opera com tecnologias quânticas, coisa que poucos seres humanos entendem com alguma propriedade real. De forma intuitiva, podemos concluir que dentro dele há uma série de cristais que podem ser estimulados a produzir fótons, e depois entrelaçá-los em um nível quântico, isto é, subatômico. Fótons entrelaçados funcionam como espelhos de si mesmos, qualquer aspecto que sofrer mudanças em um deles afetará o outro, e em qualquer condição, também.

Bonito, não é? Mas infelizmente não sabemos, de forma exata, como e por que isto funciona, nem mesmo os cientistas responsáveis pelo QUESS sabem se ele funcionará, de fato. Por isso se trata de um satélite com funções meramente experimentais. A grande dificuldade para os físicos responsáveis pelo QUESS está no comportamento imprevisível dos fótons: os pequenos pacotes responsáveis por toda a luz que vemos (e que não vemos) podem ser absorvidos ou desviados, dependendo do meio onde se locomovem.

(Foto: Reprodução/Popsci)

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Indo direto ao ponto, a real missão do QUESS é descobrir se é possível transmitir, aqui para a Terra, um dos dois fótons produzidos por seus cristais, e então a sua "cópia", fazendo com que o par de fótons funcione como chaves de criptografia. A comunicação entre o satélite e a estação em Terra se dá por meio da alteração feita nos parâmetros de um dos fótons, e é assim que o QUESS irá se comunicar conosco. Por causa da teoria envolvida neste processo, a China garante que tudo é extremamente seguro, rápido e eficiente.

Como você pode imaginar, um sistema de comunicação que seja indetectável, relativamente barato, além de rápido e eficiente é o verdadeiro sonho de qualquer nação. Para Pan Jianwei, um dos responsáveis por todo o projeto, o QUESS fará com que a China se torne uma precursora de tecnologias aeroespaciais, diferentemente de antes, quando era uma seguidora de outros gigantes.

Incrivelmente seguro, o satélite está programado para autodestruir-se caso seja invadido ou interceptado por hackers (Foto: Divulgação/Programa espacial chinês)

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Em seu primeiro teste, que deve ocorrer nos próximos dias, o satélite deverá enviar dados entre a capital chinesa Pequim e a cidade de Urumqi, que fica a quase 3 mil quilômetros de distância na direção noroeste do país. Até agora, os testes laboratoriais mostraram que a tecnologia embarcada no QUESS é realmente capaz de transmitir dados, mas o real desafio está em fazer isso num dispositivo que está a milhares de quilômetros de distância da superfície terrestre, onde estão suas estações receptoras.

Fonte: TechCrunch, The Register