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Vírus do Nilo Ocidental é identificado pela primeira vez em MG

Por| Editado por Luciana Zaramela | 06 de Maio de 2021 às 20h40

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Franco Patrizia/Pixabay
Franco Patrizia/Pixabay

Pela primeira vez, um grupo de pesquisadores brasileiros detectou a presença do vírus do Nilo Ocidental em Minas Gerais. O estudo analisou uma série de amostras coletadas de cavalos com suspeita da infecção entre os anos de 2018 e 2020. Além disso, foi confirmada a circulação do agente infeccioso em outros dois estados: São Paulo e Piauí.

A descoberta do vírus do Nilo Ocidental foi feita por pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Identificada em cavalos, a doença também pode afetar seres humanos e, inclusive, pode levar ao óbito em casos extremos. No entanto, tanto os humanos quanto os cavalos são apenas hospedeiros e não podem transmitir a doença.

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"Também exploramos a dinâmica de casos humanos suspeitos de WNV [vírus do Nilo Ocidental] nos três estados brasileiros [MG, SP e PI] para os quais tínhamos dados de sequenciamento. Entre o final de 2015 e o início de 2020, todos os estados tiveram casos suspeitos, sugerindo circulação contínua ou importação recente de outras regiões do país ou de outros lugares", apontam os autores no preprint — estudo que aguarda revisão por pares —, publicado na plataforma bioRxiv.

O que é o vírus do Nilo Ocidental?

De forma semelhante ao vírus da febre amarela, o vírus do Nilo Ocidental é transmitido a aves silvestres através da picada de mosquitos infectados. No entanto, a transmissão do agente infeccioso acontece, principalmente, através de mosquitos do gênero Culex, mais conhecidos como pernilongos ou muriçocas. Entre eles, a principal espécie é a Culex pipiens. Só que, no meio do percurso, outros animais podem contrair a doença, de forma acidental.

"O cavalo é a principal epizootia e atua como sentinela para a doença. Esclarecer os casos suspeitos é importante para detectar a presença do vírus na região e prevenir a transmissão para os rebanhos equinos e as pessoas", explicou Luiz Alcantara, coordenador do estudo e pesquisador do Laboratório de Flavivírus do IOC, para o UOL.

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Em outras palavras, é como se os casos identificados nos animais servisse como um aviso. Agora, é importante ampliar a vigilância genômica da febre do Nilo Ocidental e evitar que ocorra um potencial agravo da sua transmissão. "A partir dos dados atualmente disponíveis, não sabemos se a doença é endêmica no Brasil ou se a transmissão ocorre de forma esporádica, a partir de introduções de outros países. A vigilância ativa, com análise de amostras de cavalos e aves, é importante para entender a epidemiologia local do vírus", comentou Alcantara.

Quais são os sintomas da doença?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% das pessoas contaminadas pelo vírus do Nilo Ocidental não apresentam sintomas. Quando a doença chega a ser sintomática, as manifestações costumam ser leves, como febre, cefaleia, cansaço e vômito. Agora, em casos graves, a doença pode desencadear casos de meningite e encefalite. Nestes casos, a pessoa pode apresentar de febre alta e rigidez da nuca a convulsões, paralisia e coma.

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No entanto, esta não é uma doença nova e há anos a ciência investiga suas consequências. "O vírus do Nilo Ocidental (WNV), um membro da família Flaviviridae, foi identificado pela primeira vez no distrito do Nilo Ocidental em Uganda em 1937, mas atualmente é comumente encontrado na África, Europa, América do Norte, Oriente Médio e Ásia", afirmam os autores da pesquisa.

O agente infeccioso já foi identificado no Brasil?

Na América do Sul, o vírus do Nilo Ocidental foi, pela primeira vez, encontrado em cavalos na Argentina, durante o ano de 2006. Passados seis anos, em 2012, flamingos em cativeiro foram identificados com a doença, na Colômbia. "O primeiro genoma sequenciado no Brasil foi em 2019, quando o vírus foi isolado de um cavalo com doença neurológica grave no estado do Espírito Santo", afirmam os pesquisadores.

"Apesar de vários estudos relatando evidências sorológicas sugestivas de circulação do WNV no Brasil e relatando casos confirmados da doença humana pelo WNV no estado do Piauí, muito se desconhece sobre a diversidade genômica, evolução e dinâmica de transmissão em todo o país", pontua a equipe de cientistas. Por exemplo, evidências da presença do agente infeccioso já foram encontradas em 2019, a partir de amostras de cavalos do Pantanal. Em humanos, 10 casos já foram diagnosticadas de 2014 a 2020 no Piauí.

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Para conferir o estudo que identificou o vírus do Nilo Ocidental em cavalos em três estados brasileiros, publicado como preprint na plataforma bioRxiv, clique aqui.

Fonte: Com informações: Estado de MinasUOL