Vikings "manjavam" de odontologia e faziam restaurações dentais
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Na Suécia, entre os anos 900 e 1300, a população viking sofria com problemas odontológicos “comuns” para o nosso tempo, como cáries e dores de dente. No entanto, achados arqueológicos apontam para um avançado conhecimento na área odontológica, o que inclui formas primitivas de tratamento de canal e, muito possivelmente, de obturações.
- Quem eram as mulheres vikings e quais os seus papéis na sociedade escandinava?
- Vikings podem ter chegado à América antes de Colombo
Esta é a descoberta de um novo estudo sobre as comunidades vikings, liderado por pesquisadores do Odontologia da Universidade de Gotemburgo. Durante a investigação, a equipe analisou 3,2 mil dentes de mais de 170 indivíduos, encontrados no sítio arqueológico de Varnhem, em Västergötland.
Em artigo publicado na revista científica PLoS ONE, os autores afirmam que tanto os esqueletos quanto os dentes dos vikings estavam bem preservados, o que permitiu a realização de diferentes exames na arcada dentária, incluindo radiografias.
Saúde bucal dos vikings
Na análise odontológica, os cientistas descobriram que quase metade (49%) da população viking tinha pelo menos uma cárie, sendo que o dente mais afetado pela doença era o primeiro molar inferior. Curiosamente, as cáries não foram encontradas nas crianças com dentes de leite ou entre as que já tinham alguns dentes permanentes.
Os pesquisadores também identificaram que a perda de dentes era um problema recorrente entre aqueles indivíduos. Os adultos perderam, em média, 6% dos dentes, excluindo os dentes do siso. Como era de se esperar, quanto mais velhos, maior era esta taxa.
No entanto, o que verdadeiramente chamou a atenção da equipe é que os vikings adotavam algumas práticas da área da odontologia — que nem tinha surgido como ciência médica na época —, como o tratamento de dentes com infecções e até o lixamento. “Há vários sinais de que os vikings modificaram os seus dentes”, reforça a dentista Carolina Bertilsson, primeira autora do estudo, em nota.
Obturação no dente molar
Para Bertilsson, um dos procedimentos mais sofisticados praticados pelos vikings era o tratamento do canal e a realização de uma possível obturação no dente molar. Isso porque, ao analisar os dentes, alguns deles apresentavam “buracos” que iam da coroa até a polpa, como se tivessem sido cirurgicamente abertos. A hipótese é que o procedimento aliviava a pressão e a dor de dente causada pela infecção.
“Isso é muito emocionante de ver”, destaca a pesquisadora, já que “não é muito diferente dos tratamentos odontológicos que realizamos hoje, quando perfuramos dentes infectados”.
Diante desses achados únicos, a pesquisa afirma que o estudo “sugere que a odontologia na Era Viking era provavelmente mais sofisticada do que se pensava anteriormente”.
Fonte: PLoS ONE e Universidade de Gotemburgo