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Variante Delta transformou o perfil da COVID nos EUA; entenda o que mudou

Por| Editado por Luciana Zaramela | 01 de Setembro de 2021 às 10h40

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photobac/Envato
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Nos Estados Unidos, a variante Delta (B.1.671.2) do coronavírus SARS-CoV-2 já é predominante e, com isso, os números da COVID-19 voltaram a subir em todo o país, especialmente no sul. Nesse cenário, as autoridades de saúde pública já defenderam a ideia de que, agora, a pandemia é dos não vacinados, já que são estes os que mais vão ao óbito. Só que as crianças também estão entre os não imunizados e o número de casos pediátricos também está em alta há semanas.

Um dos maiores grupos não vacinados é de crianças com menos de 12 anos. Isso porque, até agora, nenhum imunizante contra a COVID-19 foi autorizado para essa faixa etária. Além disso, apenas um terço dos adolescentes de 12 a 15 anos está totalmente vacinado, de acordo com dados coletados pelos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Por fim, o número ainda está abaixo da média para aqueles que têm até 20 anos.

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Com a baixa procura por vacinas, a COVID-19 avança nos mais jovens. Na terceira semana de agosto, 22% de todos os casos relatados no país — o que representa 180 mil — eram pessoas com menos de 18 anos. Esse número semanal é o dobro do que era no início de agosto.

Vacinas e outras medidas de proteção

“Quando as pessoas começaram a deixar de usar as máscaras e se socializar novamente, foi quando vimos nosso pico [de internações]”, explicou Abdallah Dalabih, médico intensivista do Hospital Infantil de Arkansas, para a revista Wired. No hospital, as internações por COVID-19 na única UTI pediátrica do estado subiram no início de agosto e ainda não diminuíram.

Nesse cenário, a principal ferramenta continua a ser a vacinação contra o coronavírus. Agora, especialistas pedem que a agência federal Food and Drug Administration (FDA) ofereça, em breve, um cronograma e um planejamento para vacinar os menores de 12 anos. No momento, estudos de imunizantes estão em andamento para avaliar a segurança nesse público.

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Enquanto a vacinação não chega, o consenso é que as medidas adotadas no início da pandemia devem ser reforçadas, como uso de máscaras, lavagem constante das mãos, evitar aglomerações e, por enquanto, a vacinação dos adultos.

Atenção com as escolas

Com a variante Delta e o retorno das aulas, o CDC recomenda que os alunos, a partir do jardim de infância, usem máscaras na escola como uma importante medida protetora. A recomendação deve se estender para professores e visitantes. Além disso, as salas de aula devem oferecer uma boa circulação de ar e os adultos (professores e funcionários) precisam estar imunizados.

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“Nossos filhos merecem ter um aprendizado seguro em tempo integral, presencialmente, com medidas de prevenção. E isso inclui o uso de máscara para todos nas escolas”, afirmou a diretora dos CDC, Rochelle Walensky. Afinal, essa medida é importante para o retorno seguro das aulas.

Em maio deste ano, um caso de uma escola ficou famoso na Califórnia por demonstrar a importância do uso de máscaras e da imunização. Uma professora foi infectada com a variante Delta e disseminou o vírus para 12 crianças (metade da classe). Às vezes, a professora tirava a máscara para falar e ainda não fora vacinada. Desde então, a Califórnia exige vacinas para professores.

Delta é mais perigosa para as crianças?

Até agora, não existem evidências que apontem para o fato da variante Delta ser mais perigosa para as crianças do que para os adultos. Por outro lado, o CDC afirma que existem algumas evidências que apontam para a maior gravidade das infecções causadas pela Delta em todas as faixas etárias.

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Em Ontário —  região do Canadá que faz divisa com os EUA —, o epidemiologista e professor d Universidade de Toronto, David Fisman, tem monitorado a taxa de hospitalização entre jovens e crianças infectadas com a variante Delta. De acordo com a sua análise, eles têm duas vezes mais chances de serem hospitalizadas do que aquelas infectadas com outras variantes.

No entanto, os dados ainda são pouco significativos para se tirar grandes conclusões. Na região canadense, são 1,3 mil casos de crianças menores de 10 anos infectadas e apenas 26 hospitalizados. Por outro lado, esse crescimento, mesmo que pequeno, demonstra que "esses eventos raros [internações de crianças] acontecem em maior número”, diz Fisman. “Essa é a grande preocupação”, comenta.

Fonte: Wired