Vacina de nanopartículas contra covid pode ser mais eficaz, aponta estudo
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 27 de Maio de 2022 às 11h20
Uma equipe de cientistas norte-americanos desenvolveu uma nova vacina contra a covid-19, que usa nanopartículas para promover a imunidade. O diferencial da fórmula é que ela sensibiliza contra duas "partes" do coronavírus SARS-CoV-2. Os imunizantes tradicionais focam em apenas uma estrutura. No momento, os estudos pré-clínicos, com roedores, apresentaram resultados promissores.
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Publicado na revista científica Small, o estudo sobre a potencial vacina de nanopartículas contra a covid-19 foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade do Estado da Geórgia, nos Estados Unidos.
"As [vacinas de] nanopartículas produzem anticorpos IgG séricos mais potentes e equilibrados do que a mistura de proteína solúvel correspondente [o imunizante tradicional], e as respostas imunes são mantidas por pelo menos quatro meses após a imunização", explicam os autores do estudo sobre os resultados preliminares.
Como funciona a vacina de nanopartícula contra a covid?
A primeira geração de vacinas imuniza, de forma eficaz e segura, contra a covid-19, mas tem como alvo apenas uma parte do vírus: a proteína spike (S) da membrana viral. Com as novas mutações e a formação de variantes de preocupação, como a Ômicron, a estratégia obtém resultadores inferiores.
"A proteína S tem sido usada como o principal antígeno em vacinas contra esta pandemia em curso", explica Baozhong Wang, autor sênior do estudo e professor da Universidade Estadual da Geórgia, em comunicado. “No entanto, à medida que o número de infecções continua a aumentar, mais e mais variantes apareceram e suplantaram o vírus ancestral. Por esta razão, a eficácia e proteção das vacinas atuais estão sob constante ameaça e precisam de melhoria contínua", acrescenta.
A ideia da equipe de pesquisadores norte-americanos é acrescentar um novo alvo para guiar as células de defesa do organismo, após a imunização. Este ponto é um outro fragmento ligado à proteína spike, a haste (S2). Em estudos com animais e testes em laboratório, a estratégia de dois alvos obteve melhores resultados que as vacinas tradicionais, mas ainda não foi validada em humanos (ensaios clínicos).
Entre os benefícios já medidos, estão a produção de anticorpos neutralizantes mais robustos e ainda um longo período de alta imunidade nos animais, estimado em pelo menos quatro meses. Outra vantagem é o uso de nanopartículas para encapsular a fórmula, o que garante melhor absorção pelo organismo.
“A pandemia está longe de terminar e novas variantes continuam a surgir e representam uma enorme ameaça à saúde humana. Portanto, a atualização das vacinas precisa acompanhar os tempos para evitar outra pandemia com uma nova variante imprevisível”, completa Wang.
Fonte: Small e Georgia State University News