Vacina da dengue do Butantan: resultados preliminares indicam alta eficácia
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Cientistas do Instituto Butantan testam a eficácia e a segurança de uma potencial vacina contra a dengue em um grande estudo de Fase 3 — mais de 16 mil brasileiros participam da pesquisa. Com prazo de conclusão para 2024, os resultados preliminares são bastante animadores. O imunizante apresenta, até o momento, uma taxa de proteção calculada em 79,6%.
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Doença endêmica, a dengue é um dos grandes problemas de saúde no Brasil e que, todos os anos, provoca gastos e perdas, sem ser adequadamente controlada. Até o início deste mês de dezembro, o país já registrou 1,4 milhão de casos e 978 óbitos em decorrência da doença, segundo o Ministério da Saúde.
Estudo com a potencial vacina contra a dengue
O estudo para a potencial vacina contra a dengue do Butantan foi iniciado em 2009 e, desde então, os cientistas acumulam evidências sobre os efeitos do imunizante. Para a terceira e última fase antes da aprovação do imunizante, foram recrutados 16.235 voluntários, com idades entre 2 a 59 anos. Como é um estudo duplo-cego, 10.259 pessoas receberam uma dose única da vacina, e o restante tomou um placebo.
De forma preliminar, a eficácia geral estimada foi de 79,6%. No entanto, os pesquisadores já descobriram que o corpo dos voluntários pode reagir diferente, caso a pessoa tenha histórico anterior da doença. Por exemplo, a taxa de proteção sobe para 89,2%, quando a pessoa já teve dengue. Por outro lado, cai para 73,5%, quando o vacinado não foi exposto anteriormente ao vírus.
Como funciona a vacina do Butantan contra a dengue?
A vacina do Butantan usa a técnica de vírus atenuado (enfraquecido) contra a dengue, o que induz a produção de anticorpos sem causar a doença e com poucas reações adversas. Além disso, a versão em testes é tetravalente, ou seja, protege contra os quatro sorotipos mais comuns do vírus (Denv-1, Denv-2, Denv-3 e Denv-4).
Vale mencionar que a tecnologia do imunizante contra a dengue foi desenvolvida em parceria com o National Institutes of Health (NIH) e a American Type Culture Collection (ATCC), ambas organizações de saúde dos Estados Unidos.
Por enquanto, apenas os resultados do estudo de Fase 2 já foram publicados e estão disponíveis na revista científica The Lancet Infectious Diseases. Nesta etapa da pesquisa, foi possível concluir que o imunizante induz a produção de anticorpos contra o vírus em 80% dos vacinados.