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Uso de vapes pode levar ao tabagismo, segundo Inca

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Vaporesso/ Unsplash
Vaporesso/ Unsplash

Em muitas frentes, pesquisadores ainda avaliam os potenciais benefícios e os malefícios do uso de vapes em diferentes pesquisas. Nesse cenário, um recente estudo brasileiro identificou que o risco de iniciação ao tabagismo é significativamente maior entre usuários de cigarro eletrônico. Além disso, os cientistas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontaram, no mesmo levantamento, que a liberação da comercialização desses dispositivos pode representar uma ameaça para as políticas de saúde pública no país.

“O estudo mostrou que o uso de cigarros eletrônicos aumentou em quase três vezes e meio ao risco de o indivíduo experimentar o cigarro convencional, e em mais de quatro o risco de passar a utilizar, posteriormente, cigarro convencional”, explica a coordenadora de Prevenção e Vigilância do Inca e epidemiologista, Liz Almeida.

“Isso mostra que o cigarro eletrônico oferece um grande risco de facilitar a iniciação do cigarro convencional, entre aqueles que nunca fumaram, contribuindo para a desaceleração da queda no número de fumantes no Brasil”, destaca Almeida, que é também uma das autoras da revisão sistemática sobre o assunto, publicada na revista Ciência e Saúde Coletiva.

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"Além disso, o risco de iniciação ao tabagismo foi maior tanto em adultos quanto em menores de 18 anos que utilizaram cigarro eletrônico, sendo tal efeito persistente mesmo em estudos maiores e com seguimento mais longo", verificaram os autores do estudo, após as análises sobre o hábito dos e-cigs.

A pesquisa

Para avaliar a relação entre tabagismo e os e-cigs, os pesquisadores realizaram uma revisão sistemática com meta-análise (síntese estatística) de estudos longitudinais — uma técnica que permite aos pesquisadores estabelecer uma sequência coerente dos dados — em mais de 20 estudos desenvolvidos em vários países para avaliar a associação entre os dois hábitos. Em outras palavras, a equipe avaliou o conhecimento que já foi produzido sobre o tema e comparou os diferentes resultados obtidos, procurando padrões nas descobertas.

No final, a revisão dos pesquisadores do Inca analisou 22 estudos longitudinais, de diferentes países, o que totalizou 97,6 mil participantes da pesquisa para o desfecho de experimentação. Isso significa que para afirmar a relação direta entre o uso dos cigarros eletrônicos e a experimentação do cigarro convencional foi considerado o comportamento desse grupo de milhares de voluntários. Agora, no caso de pessoas que adortaram o hábito de fumar, após consumirem vapes, foram analisados 9 estudos, o que totalizou 33,7 mil participantes. Todas as publicações foram divulgadas entre os anos de 2016 e 2020.

Entenda a descoberta do Inca

Segundo Almeida, o início do uso do cigarro convencional, a partir do uso de um e-cig, pode ser explicado da seguinte forma: vapes podem conter nicotina; quando presente, a substância pode levar à dependência; a busca por mais nicotina pode ser solucionada com cigarros convencionais. "Além disso, a utilização do dispositivo eletrônico repete os comportamentos de uso do cigarro convencional, como os movimentos mão-boca, inalação e expiração”, o que pode, eventualmente, favorecer o consumo do cigarro convencional.

Vale lembrar que, segundo os autores da análise, o tabagismo é um fator de risco evitável e responsável por mortes, doenças e alto custo para o sistema de saúde, além da diminuição da qualidade de vida do cidadão e da sociedade. Outra questão é que não há um nível seguro de exposição ao tabagismo passivo, ou seja, daquelas pessoas que não fumam, mas inalam a fumaça produzida por fumantes.

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Inicialmente, as descobertas foram compartilhadas em um webinar promovido pelo INCA e pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Para acessar o artigo completo sobre a relação dos cigarros eletrônicos com o maior risco de tabagismo, publicado na revista Ciência e Saúde Coletiva, clique aqui.

Fonte: Inca