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Usar transporte público aumenta as chances de contrair COVID-19?

Por| 08 de Julho de 2020 às 14h40

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Thomas de Luze/ Unsplash
Thomas de Luze/ Unsplash

É possível traçar alguma relação entre o maior uso de transporte público, como metrôs e ônibus, com o aumento de casos do novo coronavírus (SARS-CoV-2)? Provavelmente sim, segundo um estudo realizado pelo Instituto Pólis. A partir da análise de dados sobre mobilidade e internações, os pesquisadores chegaram a conclusão de que a COVID-19 tem se propagado com maior intensidade em determinadas regiões da cidade de São Paulo, onde os moradores dependem mais de transporte público para chegar ao trabalho.

Entre as regiões de São Paulo que registraram um maior número de internações por causa da COVID-19 ou de outras síndromes respiratórias até o dia 18 de maio, estão os seguintes bairros: Capão Redondo, Cidade Ademar e Jardim Ângela, na zona sul; Brasilândia e Cachoeirinha, na zona norte; e Sapopemba, Cidade Tiradentes, Itaquera e Iguatemi, na zona leste.

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Questões levantadas

"Com base neste estudo, pode-se dizer que, em síntese, quem está sendo mais atingido pela COVID são as pessoas que tiveram que sair para trabalhar. Embora tenhamos mapeado os locais que concentram os maiores números de origens ou destinos dos fluxos de circulação por transporte coletivo, não é possível ainda afirmar se o contágio ocorreu no percurso do transporte, no local de trabalho ou no local de moradia", afirma o grupo de pesquisadores no estudo.

Além disso, o resultado da pesquisa questiona a adoção de políticas públicas para proteger essas pessoas. "Se o maior número de óbitos está nos territórios que tiveram mais pessoas saindo para trabalhar durante o período de isolamento, temos que pensar tanto em políticas que as protejam em seus percursos, como ampliar o direito ao isolamento para as pessoas que não estão envolvidas com serviços essenciais, mas precisam trabalhar para garantir seu sustento”, analisam os pesquisadores.

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Conforme o mapa construído de São Paulo, há uma associação direta entre os locais que mais concentraram as origens das viagens com as manchas de concentração do local de residência de pessoas hospitalizadas com COVID-19 e Síndrome Respiratória Grave (SRAG) sem identificação  que podem ser possíveis casos de COVID-19, mas que não foram testados ou não tiveram resultado confirmado.

Como foi a pesquisa?

Para chegar a essa conclusão, o grupo de pesquisadores reuniu uma série de dados sobre mobilidade na capital do estado, incluindo informações da SPTrans sobre a circulação de ônibus municipais, da Pesquisa Origem Destino de 2017, da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô de São Paulo). Além disso, foram utilizados registros do DataSUS, vinculados ao Ministério da Saúde. 

Agora, para conectar e relacionar o transporte público com a maior incidência de casos da COVID-19, os pesquisadores cruzaram essas demandas com informações do sistema DataSUS, que detalha as hospitalizações de pacientes com o novo coronavírus, da Síndrome Respiratória Aguda e Grave (SRAG) não identificada e óbitos pós-internação. 

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Além disso, o levantamento considerou somente pessoas que utilizam o transporte público para trabalhar, sem ensino superior e em cargos não executivos. "Esse perfil foi selecionado considerando que pessoas com ensino superior, em cargos executivos e profissionais liberais tenham aderido ao teletrabalho e que viagens com outras motivações, como educação e compras, pararam de ocorrer", explicam os pesquisadores.

Esse estudo também contou, durante sua etapa de pesquisa e desenvolvimento, com o Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade (LabCidade), vinculado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP).

Fonte: Agência Brasil e Instituto Pólis