Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Usar calçados dentro de casa é nojento e perigoso, dizem cientistas

Por| Editado por Luciana Zaramela | 18 de Março de 2022 às 13h30

Link copiado!

Jakob Owens/Unsplash
Jakob Owens/Unsplash

Para muitos, tirar os calçados ao entrar em casa é um sinal de educação e polidez, e muitas pessoas consultam o anfitrião ao visitar uma casa, por exemplo, para saber se é melhor deixar os pisantes na porta. Mas há uma preocupação mais sanitária quanto ao uso de tênis ou sapatos dentro de casa: são substâncias contaminantes trazidas pelos calçados, e que entram nas residências de forma discreta.

E a questão é mais séria do que parece — passamos cerca de 90% do tempo dentro de casa. Políticas públicas geralmente focam no ambiente externo, tratando de qualidade do ar, do solo e do meio ambiente em geral. O interesse em regular a qualidade do ar em ambientes internos, no entanto, vem crescendo. Os cientistas ambientais australianos Mark Patrick Taylor (da Autoridade de Proteção Ambiental em Victoria) e Gabriel Filippelli (diretor do Instituto de Resiliência Ambiental da Universidade de Indiana) têm estudado o ambiente doméstico há uma década e trazem conclusões bem definitivas: é melhor tirar o sapato ao chegar no lar.

Continua após a publicidade

Quais substâncias levamos nos calçados?

O ambiente interno da casa é repleto de muita, muita matéria. Entre as partículas que povoam o seu lar, há poeira e sujeira, cabelos, pele e pêlos de pessoas e animais que frequentam o ambiente — mas um terço de todas elas vêm de fora da casa, soprada pelo vento ou, adivinhe: trazidas na sola dos calçados.

O problema é que alguns dos microorganismos presentes nos sapatos e no chão são patógenos resistentes a medicamentos, incluindo até agentes infecciosos associados a hospitais, como germes, para os quais o tratamento é difícil. Há até mesmo toxinas cancerígenas advindas de resíduos de asfalto e produtos químicos usados em jardins, causadores de problemas endócrinos. Mas a lista continua, e os cientistas encontraram:

  • Genes resistentes a antibióticos, ou seja, que passam essa resistência a bactérias;
  • Microplásticos;
  • Produtos químicos desinfetantes;
  • Compostos perfluorados (PFAS), que tendem a ficar no corpo e são utilizados industrialmente;
  • Elementos radioativos.
Continua após a publicidade

O estudo, que envolveu 35 países, teve um foco especial em checar os níveis de metais potencialmente tóxicos no ambiente doméstico, como arsênico, chumbo e cádmio. Essas substâncias não têm cor nem odor, então é difícil saber se a exposição ocorre via solas ou canos d'água, ou mesmo se estão presentes no chão da casa.

A pesquisa indicou uma relação bem forte entre o chumbo dos quintais e o que é encontrado nos lares estudados, e probabilidade maior é que as substâncias vêm através da poeira soprada pelo vento e trazida pelos calçados e patas dos pets.

Soluções e controvérsias

Continua após a publicidade

Há quem argumente a favor de utilizar calçados dentro de casa. Um dos argumentos para tal é que algumas das substâncias trazidas nos calçados, como a bactéria E. coli (basicamente, coliformes fecais) já está em toda parte, então por que se preocupar? A resposta é simples. Porque exposição alta a bactérias como essa tem mais potencial de nos deixar doentes, então é melhor evitar.

Outra controvérsia envolve a síndrome da casa esterelizada — onde crianças que vivem em ambientes "limpos demais" ficam mais propensas a alergias, já que seus sistemas imunológicos se desenvolvem menos pela baixa exposição à poeira, por exemplo.

Mas há maneiras melhores e menos nojentas de expor o corpo, dizem os cientistas: é melhor sair de casa, fazer caminhadas, brincar lá fora, basicamente. E para evitar que todas essas substâncias entrem em casa? Uma das dicas é ter calçados para usar só dentro do lar, como chinelos ou pantufas. Afinal de contas, prevenir é melhor do que remediar, não é? Desvantagens para não usar calçados dentro de casa são poucas. No máximo, aumentam as chances de dar uma topada no pé dos móveis.

Fonte: The Conversation