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Urina de paciente fica roxa 4 dias após internação

Por| Editado por Luciana Zaramela | 16 de Março de 2023 às 11h46

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Oki-Oki/Envato
Oki-Oki/Envato

Nos Estados Unidos, o caso de uma mulher idosa, com 76 anos, tem chamado atenção. Após quatro dias de internação devido a um quadro de insuficiência cardíaca, a paciente — que não teve o nome divulgado — começou a "urinar" um líquido roxo. Pelo menos, era o que se via ao observar a sua bolsa coletora de urina. Mais tarde, descobriram que a coloração inusitada era fruto de uma reação química envolvendo o plástico da bolsa.

Os médicos e pesquisadores do Departamento de Nefrologia do Centro Médico Pikeville, no estado de Kentucky, analisaram amostras da urina roxa da paciente. Em relato de caso, publicado na revista científica Oxford Medical Case Reports, eles descrevem a condição como um caso raro da Síndrome da urina roxa na bolsa coletora (PUBS).

Urina de paciente pode ficar roxa no hospital?

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Quando a mulher deu entrada no hospital, ela relatava falta de ar — condição associada com o seu quadro de insuficiência cardíaca. Além disso, tinha histórico de doença renal crônica e câncer de bexiga. Outro problema da idosa era a constipação (intestino preso).

A questão é que, sem nenhuma associação direta, a urina da idosa não estava mais amarela na bolsa coletora de urina e, sim, roxa. Após uma série de análises, a equipe médica descobriu que o xixi da paciente estava extremamente alcalino (com pH de 8,5) e apresentava grande quantidade de sangue, nitritos, leucócitos esterases e proteínas. Além disso, a amostra tinha altas concentrações da bactéria Proteus mirabilis, indicando também um quadro de infecção urinária.

"Embora seja de natureza benigna e ocorram apenas alterações na cor da urina de amarelo para roxo, a PUBS resulta em maior ansiedade nos pacientes", explicam os autores do relato. Inclusive, após o tratamento, a constipação da paciente foi resolvida e, poucos dias depois, recebeu alta. Ela foi orientada a continuar o acompanhamento médico com um nefrologista ou urologista.

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Caso brasileiro de xixi roxo

Casos de urina roxa na bolsa coletora são relativamente raros, mas existem registros da condição no Brasil. Em 2016, a equipe da Escola Paulista de Medicina (EPM) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descreveu o caso de outra idosa, com 83 anos, que também foi inicialmente internada por problemas no coração.

No entanto, a infecção urinária da mulher foi mais grave, causada pela bactéria Streptococcus agalactiae. Como consequência do quadro, a paciente sofreu um choque séptico (sepse) e, infelizmente, o caso evoluiu para o óbito. O relato foi publicado na revista Brazilian Journal of Nephrology (BJN).

O que pode deixar a urina roxa de um paciente internado?

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Aqui, cabe pontuar que a condição foi descrita pela primeira vez em 1978. A síndrome afeta entre 8% a 42% dos indivíduos que ficam com um cateteres por longos períodos e, segundo os médicos, é um forte indicador de infecção bacteriana no trato urinário. Tende a ser mais comum em mulheres idosas, com constipação.

No entanto, o fato curioso é que, na verdade, a urina não sai roxa do corpo, como poderíamos facilmente pensar. A cor roxa é gerada através de um reação química envolvendo a urina alcalina, as bactérias e o material da bolsa que "segura" o xixi do paciente.

“A urina que entra no cateter é de cor normal, mas a coloração roxa logo aparece devido ao desenvolvimento de índigo (cor azul) e indirubina (cor vermelha) pela presença de bactérias urinárias. Esses pigmentos interagem com o material plástico da bolsa do cateter e do tubo e produzem a coloração púrpura”, detalham os autores.

Fonte: Oxford Medical Case Reports e BJN