Universidade de Oxford começa a testar nova vacina contra HIV em humanos
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 06 de Julho de 2021 às 12h30
Na segunda-feira (5), a Universidade de Oxford, no Reino Unido, iniciou os testes em humanos para o desenvolvimento de uma nova vacina contra o HIV. Na Fase 1 da pesquisa contra o vírus da AIDS, o objetivo é verificar a segurança, a tolerabilidade e a imunogenicidade do imunizante HIVconsvX contra uma diferente gama de variantes do agente infeccioso.
- Detectar HIV pelo celular? Com inteligência artificial, a ciência dá um jeito!
- Mulher com HIV contrai COVID e acumula mais de 30 mutações do coronavírus
- Fungo pode ser a principal causa de morte em pacientes com HIV
Através do estudo HIV-CORE (European Aids Vaccine Initiative), os pesquisadores buscam uma vacina que seja aplicável contra diferentes cepas do HIV, o que permitiria o seu uso, teoricamente, em qualquer região do globo. Para isso, 13 adultos saudáveis, negativos para a infecção viral, com idades entre 18 e 65 anos e que são considerados sem alto risco de infecção, receberão uma primeira dose da vacina. Após quatro semanas, terão acesso a uma dose de reforço.
Caso a Fase 1 ocorra conforme o esperado, já há planos para iniciar testes da potencial vacina contra o HIV em outros países da Europa e da África, além dos Estados Unidos.
Pesquisa da vacina contra o HIV
Professor de imunologia na Universidade de Oxford e um dos autores do estudo, Tomáš Hanke conta que "uma vacina eficaz contra o HIV é buscada há 40 anos". Para o pesquisador, "este ensaio é o primeiro de uma série de avaliações desta nova estratégia de vacina aplicada em indivíduos HIV-negativos para prevenção e em pessoas vivendo com HIV para a cura".
No momento, a maioria das pesquisas sobre vacinas contra o HIV busca desencadear a produção de anticorpos gerados pelas células B. Só que a HIVconsvX induz produção de células T do sistema imunológico e que são, naturalmente, conhecidas por "atacarem" agentes invasores. Nesse caso específico, essa atividade antiviral será direcionada para regiões altamente conservadas e, portanto, vulneráveis do HIV. Dessa forma, espera-se que seja eficaz contra diferentes cepas.
Caminho para o controle do HIV
Atualmente, a prevenção ao HIV se concentra principalmente em intervenções comportamentais e biomédicas, como uso de preservativo e medicamentos antirretrovirais usados antes ou após risco de infecção — a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) e a PEP (Profilaxia Pós-Exposição ao HIV).
"No entanto, o ritmo de declínio nas novas infecções por HIV não atingiu a meta acordada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2016: menos de 500 mil novas infecções por ano em 2020", relata o professor de Oxford. Nesse sentido, são necessárias novas alternativas para conter a doença.
“Mesmo no contexto mais amplo de aumento do tratamento e prevenção antirretrovirais, uma vacina contra o HIV continua a ser a melhor solução e, provavelmente, um componente-chave para qualquer estratégia que ponha fim à epidemia da AIDS”, completa Hanke. A expectativa é que os primeiros resultados deste estudo sejam compartilhadas até abril de 2022.
Fonte: Universidade de Oxford