Tratamento com plasma pode reduzir gravidade de casos da COVID-19, diz estudo
Por Fidel Forato | 11 de Janeiro de 2021 às 14h40
Para o combate do novo coronavírus (SARS-CoV-2), pesquisadores investigam uma série de tratamentos que podem ser eficazes, principalmente, nos casos mais graves. Agora, um grupo de pesquisadores argentinos descobriu que o plasma convalescente de pacientes recuperados da COVID-19 pode evitar que idosos fiquem seriamente doentes, desde que usado no início da infecção — em até 72h depois dos primeiros sintomas.
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Em agosto do ano passado, a Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos, autorizou de forma emergencial a terapia para pacientes hospitalizados em decorrência da COVID-19. Entretanto, ainda faltavam dados que detalhassem sua eficácia contra o coronavírus. Uma das dificuldades do estudo era que a maior parte dos pacientes contaminados iniciava o tratamento com a técnica de forma tardia, muito depois da infecção se manifestar.
Agora, publicados no New England Journal of Medicine, os resultados da pesquisa argentina são considerados uma das primeiras análises a apontar conclusivamente para os efeitos benéficos do tratamento precoce com o plasma convalescente, segundo especialistas consultados pelo jornal The New York Times.
Uso de plasma sanguíneo contra a COVID-19
Vale lembrar que o plasma convalescente é um líquido amarelo claro, obtido depois que o sangue é separado dos seus glóbulos vermelhos e brancos (hemácias e leucócitos, respectivamente). Essa substância é rica em anticorpos contra o coronavírus, afinal veio de pacientes que se recuperam da COVID-19.
Para verificar a eficácia do tratamento, o médico Fernando Polack, infectologista pediátrico e diretor da Fundação INFANT, na Argentina, o testou em 80 pacientes contaminados pelo coronavírus. No total, o estudo contou com 160 pacientes, já que a outra metade recebeu apenas um placebo (substância sem eficácia contra a COVID-19). De acordo com as análises, o plasma convalescente reduziu em 48% as chances dos pacientes desenvolveram uma forma grave da infecção.
Segundo a publicação do estudo, todos os voluntários tinham pelo menos 65 anos, ou seja, estavam no grupo conhecido por apresentar maior risco de adoecer gravemente. Além disso, cerca de 50% dos participantes também apresentava alguma comorbidade.
Outra questão importante para a pesquisa é que o tratamento deveria ser iniciado em até três dias, após o aparecimento dos primeiros sintomas da COVID-19. “Fomos o mais cedo que pudemos”, comenta o infectologista. Isso porque o tratamento precoce tem mais chances de impedir que a infecção se prolifere no organismo, de forma incontrolável.
Para acessar o artigo, publicado no New England Journal of Medicine, clique aqui.
Fonte: NYT