Trabalhar e estudar "fora do horário" afeta a motivação, sugere estudo inglês
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |

Pesquisadores avaliaram o nível de motivação das pessoas que trabalham regularmente em horários tradicionais — como jornadas de oito horas diárias — e quem cumpre funções durante os finais de semana, feriados ou em horários alternativos. A conclusão é que a rotina "padrão" tende a ser mais benéfica para a satisfação do indivíduo.
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Publicado na revista científica Organizational Behavior and Human Decision Processes, o estudo observou que trabalhar a qualquer hora do dia e durante os finais de semana e feriados não é necessariamente positivo. A pesquisa foi desenvolvida por cientistas da London School of Economics and Political Science (LSE), no Reino Unido, e Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.
"As mudanças nos horários de trabalho afetam o interesse e o prazer no trabalho, com consequências importantes para os resultados das atividades", explicam os autores do estudo.
Trabalhar fora do horário padrão pode ser desmotivador
“Há muito burburinho em torno das vantagens de ter flexibilidade quando trabalhamos. Mas nossa pesquisa mais recente sugere uma desvantagem importante: trabalhar durante horas de trabalho atípicas, como fins de semana e feriados, prejudica a motivação intrínseca dos funcionários para trabalhar”, explica Laura Giurge, uma das pesquisadoras do estudo e professora assistente da LSE, em comunicado.
“Mesmo que você ainda esteja trabalhando 40 horas por semana, você está trabalhando durante o tempo que você codificou mentalmente como tempo de folga, ou como tempo que deveria ser de férias, e isso pode fazer você sentir, de repente, que seu trabalho é menos agradável”, completa Kaitlin Woolley, professora associada da Universidade de Cornell e uma das autoras do estudo.
Estudo sobre a motivação no trabalho
O estudo foi realizado a partir de entrevistas com pessoas que estudavam ou trabalhavam durante feriados, aos finais de semana ou em horários alternativos. Por exemplo, os pesquisadores mensuraram se um simples lembrete de calendário em um feriado norte-americano — o Dia de Martin Luther King Jr. — alteraria a percepção dos trabalhadores em tempo integral sobre o prazer no trabalho.
Segundo os autores do estudo, ao serem lembrados do feriado, trabalhar naquele dia tendia a ser 9% menos agradável que em um dia normal. Isso considerando que seriam realizadas as mesmas atividades durante os dois dias.
Nos feriados, esta falta de motivação é atribuída à ideia de folga coletiva, ou seja, um tempo livre que pode ser compartilhado por amigos e familiares que não estão trabalhando. “O verdadeiro benefício de folga no final de semana ou feriado é que não é apenas que eu tenho folga, mas minha família e amigos também”, resume Woolley.
“A motivação intrínseca é um preditor chave da persistência, bem como de muitos outros resultados, como criatividade, voluntariado e até equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Sabemos que trabalhar durante as folgas prejudica o bem-estar, mas esta pesquisa mostrou que também pode prejudicar o desejo das pessoas de se envolver no trabalho por interesse, prazer e significado”, completa Giurge.
Fonte: Organizational Behavior and Human Decision Processes e LSE