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Testamos o exame de DNA da Genera para saber sobre praticamente tudo!

Por| Editado por Luciana Zaramela | 03 de Novembro de 2020 às 13h50

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Gerd Altmann/Pixabay
Gerd Altmann/Pixabay

Já pensou em descobrir as suas origens, entender como o seu organismo funciona e conhecer como o seu corpo responde a diferentes medicamentos? As listas de atrativos que testes de DNA oferecem, como o do laboratório Genera, são enormes para os aficionados em autoconhecimento. Além disso, essas análises genéticas podem trazer insights importantes para melhorar o dia a dia, sem deixar de lado alguns cuidados importantes.

Buscando entender o que esses dados genéticos podem dizer, o Canaltech testou o exame do laboratório brasileiro Genera, que custa a partir de R$ 199,00. Para compreender  as aplicações dos resultados de exames de DNA, questões de segurança da informação e de que forma alguns genes podem aumentar ou diminuir a predisposição de algumas condições, também conversamos com o co-CEO do lab e PhD em Genética e Biologia Evolutiva, Ricardo Di Lazzaro.

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Antes de focar nessas análises, vale lembrar que o DNA é uma molécula que fica dentro de praticamente todas as células do organismo. É nele que toda a informação genética que integra e gerência cada indivíduo está armazenada. Inclusive, são esses dados que nos definem, seja em termos de características físicas, como altura e cor dos olhos, em traços de personalidade e predisposição às doenças, ou ainda no controle do metabolismo.

Como é o teste de DNA?

Após selecionar o tipo de teste que se irá fazer — fizemos o Genera Completo —, um kit com dois swabs ('cotonetes') é enviado para a casa do usuário. Para a coleta das amostras de DNA, esses cotonetes devem ser esfregados na parte interna da bochecha. Antes de enviar a amostra de volta para a análise do laboratório, é preciso ainda registrar o seu kit no site da Genera. Passadas aproximadamente duas semanas, está liberado o acesso para uma plataforma, onde é possível interpretar uma parte das informações obtidas a partir do seu DNA.

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“Rodamos pesquisas para entender o motivo [que leva os usuários a fazerem os testes de DNA] e as pessoas querem fazer os exames por curiosidade. A palavra curiosidade sempre vem. Então, seja uma curiosidade sobre a origem, seja uma curiosidade sobre si mesmo ou seja uma curiosidade como ter uma vida mais saudável”, comenta Ricardo Di Lazzaro, co-CEO da Genera.

No quesito curiosidade, são mais de 20 páginas que se multiplicam, e dependendo do grau de miscigenação do usuário, tratam especificamente sobre a ancestralidade — inclusive, com alguns dados mais genéricos sobre as etnias. Cada pessoa tem a sua origem dividida em porcentagens de acordo com a diversidade da sua genética. O teste também consegue distinguir de onde vem a herança materna, através da análise do DNA mitocondrial, e a paterna, que é feita a partir da análise do cromossomo Y.  

Ainda em se tratando de ancestralidade, há uma opção de se buscar parentes —  exclusivamente no banco de dados do laboratório — para ser ativada (ou não). A ideia da ferramenta é que se encontre familiares distantes e, por lá, é possível visualizar o grau de parentesco e um contato desse usuário aparentado. Curiosamente, em nosso teste, foi possível localizar um primo de terceiro grau.

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Genes podem definir o quê?

Praticamente, tudo. Algumas características estão inscritas, de forma mais clara, no seu DNA, como a altura e a cor dos olhos,  mas também é lá que os dados informam se a sua cera de ouvido é molhada e o grau de sensibilidade da sua pele ao Sol.

“Tentamos trazer informações diversas, tanto informações que são mais acionáveis quanto informações que são simplesmente curiosas e que possam ser até meio lúdicas. O que fazemos é uma análise na literatura [sobre genética] e ver, realmente, quais marcadores têm uma ligação, uma correlação com aquela condição”, explica Ricardo. Inclusive, essa lista de características é atualizada constantemente. 

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Entretanto, algumas questões comportamentais também são sugeridas para cada usuário, como o nível de impulsividade, a preferência por horários noturnos ou ainda as habilidades matemáticas, o que é muito mais complexo de se comprovar através dos genes. Sobre esta questão específica, Ricardo comenta: “A habilidade matemática é algo que tem algum componente hereditário, mas pode muito ser treinada e são vários os marcadores genéticos ligados a essa habilidade. O que analisamos é um deles”. Em outras palavras, é uma habilidade que pode ser mais inata, mas também pode ser adquirida e, com certeza, melhorada.

De acordo com Lazzaro, “a obesidade é um exemplo bom nisso [de características onde o ambiente deve prevalecer]. O peso de uma pessoa é muito mais relacionado com alimentação, com atividade física, do que por alguns marcadores genéticos”. Entretanto, existem componentes hereditários que facilitam ou dificultam essa condição. Em nosso teste, foi relatado um risco maior de obesidade. Neste caso, a pessoa sempre apresentou uma dificuldade especial em controlar o seu peso. 

Segundo Ricardo, vale lembrar que “estamos olhando uma parte do DNA da pessoa e não todo o DNA. Mesmo que estivéssemos olhando todo o DNA da pessoa, a ciência ainda não tem informação [suficiente] para ler [e interpretar] todo o DNA”. Para explicar essas limitações do estudo genético, a Genera inclui em todas essas características referências bibliográficas. No caso do usuário se interessar por algo específico, ele pode ler o próprio artigo cientifico que definiu a relação entre o gene e a condição apresentada.

Início da medicina de precisão

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Para além das curiosidades e da ancestralidade, os testes mais completos trazem dados que podem auxiliar médicos na tomada de decisões e ampliar a consciência dos usuários sobre o seu funcionamento metabólico. Por exemplo, são levantados dados como a propensão de deficiência natural do corpo a uma série de vitaminas, o comprimento dos telômeros ou ainda o risco de diabetes tipo 2. Uma vantagem dessas análises é que a probabilidade de erro fica na ordem de 0,1%.

De acordo com Ricardo, o laboratório trabalha inclusive com médicos para atender análises mais personalizadas. Entre as questões que podem ser observadas, de forma geral, está a intolerância à lactose, onde há um componente bastante genético. “A população Brasileira é muito intolerante a lactose, só que muitas pessoas não sabem e continuam tomando leite. Sentem algum desconforto, mas não fazem essa correlação”, afirma Ricardo sobre as análises. 

“Temos um exame fármaco que analisa a eficácia ou os efeitos adversos de alguns medicamentos de uso mais comum. Por exemplo, abordamos o fator V de Leiden, que é uma mutação genética que está ligada na cascata de agregação plaquetária e que pode levar à trombose. Ela é comum e o uso de anticoncepcional hormonal oral [para mulheres] é algo que pode ter um impacto muito grande e um risco de trombose alta”, cita Ricardo como mais um exemplo da importância médica dessas análises. Outras drogas que podem ser analisadas, no pacote mais completo do teste, como: anti-inflamatórios; opioides; sulfonilureias; bifosfonatos; e ácido acetilsalicílico (aspirina). 

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Segurança dos dados e direito ao esquecimento

Sim, esses resultados do exame de DNA trazem informações valiosas sobre cada usuário e que, potencialmente, poderiam ser usadas por planos de saúde na hora de fechar um novo contrato ou ainda de outras empresas. No entanto, “a Genera é um laboratório, não temos como objetivo a venda de dados individuais. Isso é uma coisa que nos Estados Unidos esteve bastante em discussão. Empresas parecidas com a Genera chegaram a fazer. Nosso objetivo não é ter dados para vender dados e entendemos que o dado deve pertencer a cada pessoa", defende, de forma taxativa, Ricardo.

“Eu, por exemplo: o meu exame genético foi feito no genoma inteiro. Eu sequenciei todo o meu genoma. Peguei e coloquei anonimamente esse dado em várias plataformas para as pessoas usarem o meu genoma. Se tem esse dado, ele pode ajudar na ciência e no desenvolvimento de novos fármacos. Entendo também que cada pessoa deve ter essa decisão sobre os próprios dados", completa o fundador do laboratório.

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De acordo com as práticas da Genera, “o que podemos fazer são análises de um volume grande. Essa análise de maneira agrupada, mas sem envolver CPF [ou formas de identificação do usuário]. Olhar a base e afirmar que, da nossa base, 70% tem intolerância a lactose. Essa é uma maneira que podemos trabalhar os dados sem falar individualmente", explica Ricardo. Inclusive, todos os dados coletados dos usuários são armazenados na nuvem, de forma criptografada, e seguem a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

Além disso, é possível solicitar algo como um direito ao esquecimento total dos resultados desses exames. “Nós não tivemos nenhum cliente que buscou isso, mas sem dúvidas, se a pessoa entrar em contato e falar que não quer mais ter acesso aos resultados e quer que seus dados sejam apagados,  apagamos", afirma Ricardo. Essa pode ser uma boa opção para quem se sente inseguro e tem receio de armazenar em uma rede suas características genéticas.  

Quanto à posse desses dados sobre o DNA pelos usuários, nos EUA, alguns bancos já compartilharam informações genéticas com instituições governamentais para a solução de crimes, por exemplo. Segundo Ricardo, “ainda é um assunto um pouco distante [no Brasil]. Nós nunca tivemos nenhum pedido nesse sentido".

Para conferir uma análise genética aleatória do laboratório, clique aqui.