Técnica de edição genética pode ser a chave para a cura do HIV
Por Claudio Yuge |
A técnica CRISPR (Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas) vem sendo bastante explorada nos últimos anos como uma forma de editar genes para que nosso corpo crie uma “memória” contra problemas de saúde. Ainda não havia uma evidência de resultados significativos com essa técnica, mas, nesta quarta-feira (11), cientistas chineses divulgaram descobertas que podem ser a chave para a cura do HIV e outras doenças.
Encorajados por seus resultados em um estudo anterior conduzido em ratos, os cientistas modificaram geneticamente células-tronco de formação sanguínea e células progenitoras fornecidas por um doador, e as transplantaram para um homem de 27 anos que teve dois diagnósticos — uma forma aguda de leucemia e HIV positivo.
Meses depois de receber o tecido doador resistente ao HIV, o paciente parou de tomar medicamentos contra o vírus, para que os pesquisadores pudessem verificar se a porção de células sanguíneas resistentes fazia alguma diferença na capacidade de replicação do vírus.
“Primeiro passo” promissor
Mais de 19 meses depois que as células alteradas foram transplantadas para o paciente, a equipe de investigação concluiu que o novo transplante não apenas havia se firmado, como também não havia resultado em efeitos colaterais que podem ser associados ao processo de edição de genes. Infelizmente, após esse período, a carga viral começou a subir novamente, forçando o paciente a voltar a tomar o coquetel de remédios.
As células resistentes ao HIV substituíram pouco mais de 5% dos linfócitos (células de defesa) do paciente, explicando a baixa eficiência do tratamento. Ainda assim, o fato de as células doadoras geneticamente alteradas permanecerem por tanto tempo sem efeitos colaterais é contado como uma vitória significativa pela equipe de pesquisa.
O método, conhecido como CRISPR-Cas9, é considerado “um primeiro passo promissor” por Hongkui Deng, professor de biologia celular da Universidade de Pequim, que ajudou a liderar a pesquisa. O caso foi publicado no New England Journal of Medicine. "Não é um ‘home run’ neste momento, mas chegar à primeira base é realmente determinante para esta tecnologia", diz Carl June, professor de imunoterapia da Universidade da Pensilvânia.
Fonte: Science Alert, National Public Radio