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Técnica acelera descoberta de remédios para várias doenças

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Mstandret/Envato Elements
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Equipe internacional de cientistas testa metodologia que facilita a descoberta de novos remédios, além de ampliar o entendimento sobre o mecanismo de inúmeras doenças. Por enquanto, a estratégia é aplicada no estudo de medicamentos para o combate de parasitas. É o caso da Doença de Chagas, provocada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida pelo barbeiro, que pode potencialmente ser combatido pela fumarase.

Na busca por remédios contra a doença e outros parasitas, os pesquisadores usaram a metodologia MIDAS. A sigla em inglês pode ser traduzida por “diálise acoplada a espectrometria de massas para a descoberta alostérica sistemática”. Basicamente, é um estudo que avalia as interações entre proteínas (enzimas) e metabólitos (produtos que surgem a partir do metabolismo das células), de forma bastante específica, algo difícil de ser feito com a maioria das técnicas amplamente disponíveis hoje.

Com a melhor compreensão do nível microscópico do que ocorre dentro do corpo enquanto uma doença avança, as chances de uma nova molécula ser promissora na fase clínica, ou seja, nos testes com humanos é maior. É isso que acelera o desenvolvimento de novas medicações e até pode reduzir os custos..

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Melhorando o processo de criação de novos remédios

Mesmo que pouco estudada e compreendida, as proteínas e as enzimas estão em profunda conexão com as pequenas moléculas e o metabolismo. “À medida que aprendemos mais sobre essa rede de interações, obtemos uma nova compreensão de como as células respondem ao seu estado metabólico”, afirma Jared Rutter, professor da Universidade de Utah, nos EUA, e coordenador do estudo, para a Agência Fapesp.

“Essas interações, até então desconhecidas, vão proporcionar uma profunda compreensão sobre o que é saúde e doença, além de contribuir para a descoberta de novos tratamentos”, acrescenta o pesquisador Rutter sobre o impacto da técnica.

Técnica aponta remédio contra doenças parasitárias

Com a participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), um recente estudo que usou a metodologia MIDAS foi publicado na revista Science. No artigo, os autores investigaram mais de 800 interações consideradas de baixa afinidade entre proteínas e metabólitos.

“As diferentes vias metabólicas trocam informações entre si e se regulam, o que é muito importante para o metabolismo. No entanto, essas interações são de baixa afinidade, muito difíceis de se detectar com as técnicas usadas atualmente. É uma conversa muito sutil, como um cochicho”, exemplifica Maria Cristina Nonato, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP (FCFRP-USP).

Com isso, o grupo internacional chegou até a descoberta de um novo uso potencial da fumarase. Esta é uma enzima que deve ser usada em testes para o tratamento contra parasitas, como Leishmania (leishmanioses) e Trypanosoma. A proteína também pode desempenhar importante função no controle de alguns tipos de câncer e doenças genéticas, mas comprovações clínicas ainda são necessárias.

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Fonte: Science e Agência Fapesp   

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