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"Superfungo" no Brasil? Anvisa emite alerta, mas situação não é para pânico

Por| 09 de Dezembro de 2020 às 17h00

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Divulgação/Universal Health Services
Divulgação/Universal Health Services

Como se 2020 já não estivesse perigoso o suficiente com a pandemia da COVID-19, um novo problema chegou para chamar a atenção dos profissionais da saúde. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) emitiu um alerta ao Brasil, na última terça-feira (8), informando o andamento de uma investigação sobre o primeiro caso positivo de um fungo grave.

Chamado de Candida auris, ou apenas C. auris, o fungo é resistente a medicamentos e é responsável por provocar infecções hospitalares que podem levar à morte. Em todo o mundo, essas formas de infecção por fungos já provocaram a morte de 30% a 60% dos pacientes contaminados. O fungo foi descoberto em 2009, no Japão, dentro do canal auditivo de um paciente, e já foi encontrado em mais de 30 países, com cerca de 4,7 mil casos.

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O C. auris é altamente resistente em ambientes hospitalares, proliferando-se pelos móveis, bancadas, paredes e outras superfícies, permanecendo nelas por semanas, o que aponta para a importância da higienização desses locais. Além disso, esse fungo pode ser confundido com outras formas de infecções por outros fungos, como a candidíase. Com essa confusão, os médicos acabam tratando o paciente com medicamentos antifúngicos tradicionais, como os receitados para combater proliferação por C. albicans, que, embora presente naturalmente em nosso organismo, pode ser o causador da candidíase vaginal por alterações de pH.

No entanto, os antifúngicos não funcionam com o C. auris porque ele surgiu em uma época em que as pessoas já estão acostumadas a ingerir substâncias antimicrobianas e antifúngicos. Dessa maneira, ele acaba se tornando mais resistente ao que deveria ser um veneno para ele. Quanto mais o novo fungo se reproduz, mais resistente ele fica.

Vale comentar que os fungos se aproveitam de pessoas com imunidade baixa ou que façam o uso frequente de antibióticos para se proliferarem. Quando o C. auris contamina a pele e a mucosa, o tratamento é mais fácil, mas o problema se torna mais grave quando o fungo entra na corrente sanguínea. A transmissão costuma acontecer através do uso de equipamentos médicos, como estetoscópios e termômetros, por exemplo, mas também podem acontecer em contato com mãos contaminadas que não foram higienizadas.

A Anvisa revelou que o fungo foi identificado na ponta do cateter usado em um paciente adulto internado na UTI de um hospital da Bahia. A amostra foi coletada para ser estudada pelo Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (Lacen), em Salvador, e pelo Laboratório do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

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Ainda de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, amostra coletada do fungo irá passar por análises que irão verificar a sua sensibilidade e resistência, além de obter o seu sequenciamento genético. Como forma de prevenir que o fungo continue se alastrando pelo país, a Anvisa sugere que todos os serviços de saúde do Brasil reforcem a vigilância laboratorial para essa espécie.

Alerta ou alarme? Calma, não precisa entrar em pânico!

Apesar da nota da Anvisa, alguns estão chamando o C. Auris de superfungo por apresentar grande resistência a antifúngicos e drogas específicas, mas o comunicado não vem para causar alarmismo e muito menos pânico na população. Em entrevista ao mineiro O Tempo, o infectologista Estevão Urbano explicou que, por conta da baixa quantidade de casos, ainda não é hora para ficarmos impressionados.

Só há um caso no Brasil, e ainda assim, existe possibilidade de tratamento. Há várias espécies derivadas do gênero Candida, cujo tratamento, inclusive, é semelhante. "Essa espécie nova já vem trazendo preocupação para a comunidade cientifica há alguns anos, já causou surtos hospitalares em lugares no mundo, muitas vezes em Centros de Tratamento Intensivo (CTI), assim como outras espécies de cândida fazem. A diferença é que ela é mais resistente aos antifúngicos que tratam facilmente outros tipos. O que chama a atenção é isso", explica o médico.

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O Canaltech entrou em contato com o infectologista Renato Grinbaum, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor da Unicid (Universidade Cidade de São Paulo), para esclarecer o assunto. O médico explica que “o fungo Candida auris não tem potencial epidêmico”. Isso porque ele “causa infecções hospitalares ou em pessoas sem defesas. Existem desdobramentos, como a transmissão da resistência, que não ocorreram e, talvez, nunca ocorram… mas são temidos”, completa o infectologista sobre o alerta.

Fonte: G1, BBC, Anvisa, O Tempo