Sono REM tem ligação direta com a temperatura do cérebro e do corpo
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 20 de Setembro de 2022 às 09h00
O sono REM (movimento rápido dos olhos) pode ter uma relação direta com a temperatura cerebral e, consequentemente, corporal, segundo novos estudos. Animais com temperaturas corporais mais baixas tendem a ter períodos mais longos, enquanto aqueles com temperaturas corporais mais altas, como pássaros, experimentam menos sono REM em geral.
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Durante o REM, o cérebro torna-se altamente ativo, o que eleva a temperatura do órgão. Além disso, o sono REM quase sempre segue o sono não REM, que é quando o cérebro e o corpo estão menos ativos e frios.
"O sono REM pode ser pensado como um mecanismo de 'aquecimento cerebral' desencadeado pela redução da temperatura ligada ao metabolismo reduzido e à diminuição do consumo de energia no sono não REM", teorizam os pesquisadores.
Conforme comenta o estudo, pode ser por isso que alguns animais apresentam flutuações na duração do sono de estação para estação. O exemplo mais extremo disso é a hibernação, mas mesmo animais que não hibernam dormem mais no inverno do que no verão.
Os pesquisadores acham que o sono REM poderia ajudar a proteger os cérebros dos animais do frio. Em paralelo, estudos anteriores sugeriram que o sono não REM ajuda a limpar as toxinas do cérebro, enquanto o REM ajuda a melhorar a memória e o aprendizado.
Mas não há uma relação óbvia entre a duração do sono REM e o poder cognitivo. Por enquanto, a ideia da ciência é investigar a diferença entre as espécies. Por exemplo: os ornitorrincos experimentam até 8 horas de sono REM por noite, mais do que qualquer outro animal, mas ainda não se sabe porque a espécie pode precisar desse estágio de sono para aumentar a eficiência do cérebro.
De qualquer forma, a conclusão do estudo é que o sono REM pode ter evoluído inicialmente como uma maneira de os endotérmicos (animais que preservam sua temperatura corporal estável, independentemente das alterações ambientais) manterem seus cérebros aquecidos e funcionais no caso de serem acordados por uma ameaça.
Fonte: The Lancet via Science Alert