Sedativo comum desliga consciência e transforma cérebro em pleno caos
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela | •

Um novo estudo publicado na revista científica Neuron na última segunda-feira (15) mostrou que o sedativo propofol pode interromper a capacidade do cérebro de recuperar o controle de neurônios excitáveis. Na prática, isso faz com que o órgão fique em pleno caos.
Para chegar a essa descoberta, cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) mediram a atividade cerebral de dois macacos-rhesus (Macaca mulatta) enquanto recebiam as doses de propofol.
Eles também colocaram eletrodos no couro cabeludo dos animais, e isso permitiu registrar atividade elétrica em quatro regiões cerebrais enquanto os macacos estavam inconscientes e acordados.
Com isso, os pesquisadores analisaram os dados com uma nova técnica que ajuda a quantificar a estabilidade da atividade cerebral.
Influência do propofol na atividade cerebral
Normalmente, a atividade cerebral atinge picos quando entradas são recebidas e então se estabiliza. Mas com o propofol, a atividade levou mais tempo para estabilizar e se tornou cada vez mais excitável até os animais perderem a consciência.
A teoria apresentada pelo estudo é que o propofol atua em neurônios inibitórios que, de outra forma, entorpecem a atividade cerebral exagerada e retornam o sistema à estabilidade após distúrbios. Essa perda de inibição leva à instabilidade e depois à perda de consciência.
Veja abaixo o impacto causado pelo propofol à atividade cerebral:
"Descobrimos que a dinâmica neural era mais instável na inconsciência em comparação com o estado de vigília. Imitamos o efeito do propofol em redes neurais simuladas aumentando o tônus inibitório. Isso, por sua vez, desestabilizou as redes, conforme observado nos dados neurais. Nossos resultados sugerem que a anestesia interrompe a estabilidade dinâmica necessária para a consciência", conclui a pesquisa.
Como o cérebro fica sob anestesia?
Entender como o cérebro fica sob anestesia é uma missão que há muito intriga os cientistas. O que se sabe, por enquanto, é que um anestésico reduz todas as atividades e impulsos para um ritmo baixo.
No cérebro, os neurônios se comunicam em muitas frequências diferentes. Sob anestesia, quase todas ficam iguais e operam em uma mesma e única frequência.
Estudos já mostraram que o cérebro se "reinicia" para sair do sono profundo da anestesia. Mas as áreas não voltam todas ao mesmo tempo: algumas retomam as atividades primeiro, como a parte frontal do cérebro.
Fonte: Neuron