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Resfriados e em quase-morte: médicos estão "pausando" vida de pacientes nos EUA

Por| 27 de Novembro de 2019 às 14h00

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Science Focus
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Já imaginou o que é necessário para que cirurgiões salvem vidas em casos extremos, como tiros ou facadas em regiões vitais? Nessas circunstâncias, as chances de recuperação do paciente são mínimas. Para esses casos de emergência, uma equipe de médicos da Universidade de Maryland tem adotado medidas radicais (e experimentais) para salvar seus pacientes: é o caso da técnica de animação suspensa.

É a primeira vez que médicos induzem seres humanos à animação suspensa, que consiste na desaceleração de todos os processos fisiológicos vitais do paciente, através meios externos, sem levar à morte. Nessa situação, a respiração, a pulsação e outras funções involuntárias continuam a ocorrer, mas só podem ser detectadas por máquinas, por causa da baixa frequência.

Como funciona?

A animação suspensa envolve o resfriamento rápido do corpo de um paciente, para uma temperatura de 10 a 15 graus Celsius, e substitui seu sangue por uma solução salina com baixas temperaturas. O procedimento diminui a atividade cerebral de maneira significativa para que os cirurgiões ganhem tempo (questão de horas, até) para realizar suas cirurgias. 

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Isso ocorre porque o oxigênio não está mais sendo transportado para o cérebro, interrompendo assim a produção de energia. Sem o resfriamento induzido, cinco minutos sem funções cerebrais são tempo suficiente para desencadear danos irreversíveis na vida do paciente. Após a operação, o corpo é aquecido novamente e o coração é "reiniciado".

Dessa maneira, os médicos procuram tornar possível a correção de lesões traumáticas extremas que, de outra forma, causariam a morte. Oficialmente conhecida como Preservação e Ressuscitação de Emergência (EPR), a técnica só é aplicada em pessoas que chegam ao Centro Médico da Universidade de Maryland, em Baltimore, nos Estados Unidos, com trauma agudo, seguido por uma parada cardíaca.

A prática é legal?

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A equipe médica americana tem permissão da FDA (órgão dos EUA análogo à ANVISA) para realizar as cirurgias com o método de animação suspensa. No entanto, não há o consentimento do paciente, pois no momento em que chega na sala de cirurgia, ele está inconsciente — e a técnica só é aplicada em casos extremos, quando não existe outro tratamento possível.

Em fase experimental, os médicos ainda não revelam quantas pessoas sobreviveram a partir da intervenção extrema. O pesquisador-chefe, Samuel Tisherman, afirmou que espera anunciar os resultados até o final de 2020. "Uma vez que possamos provar que funciona aqui, podemos expandir a utilidade dessa técnica para ajudar os pacientes a sobreviverem", explica Tisherman.

Embora o método seja novo para humanos, estudos em animais já mostraram que porcos com trauma agudo podiam ser resfriados por 3 horas, durante a cirurgia, e depois "ressuscitados".

Fonte: Futurism via NewScientist