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Reservas de SARS-CoV-2 no corpo dos pacientes podem ser a causa da covid longa

Por| Editado por Luciana Zaramela | 30 de Junho de 2022 às 17h45

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DCStudio/Freepik
DCStudio/Freepik

Cientistas têm encontrado material genético do vírus da covid-19 em amostras de fezes de pacientes infectados desde o início da pandemia: antes apenas um detalhe, quase uma curiosidade, agora começam a surgir evidências de que o evento esteja ligado à covid longa, podendo ser indicativo de bolsões persistentes do vírus no corpo dos doentes.

Mais especificamente, pesquisadores indicam a presença de proteínas do SARS-CoV-2 no sangue de 65% dos pacientes da covid longa, principalmente a espícula viral (spike), em até 12 meses após o primeiro diagnóstico. A meia-vida de tais proteínas no corpo é curta, então sua presença persistente pode ser a evidência de algum tipo de reserva ativa do vírus em algum lugar do organismo.

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Vírus furtivo e covid longa

Estudos acerca do assunto começaram após uma pesquisa detectar RNA do vírus da covid em amostras de fezes de pacientes da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, condição rara, porém séria que pode atacar quatro semanas após a infecção pelo SARS-CoV-2 — e que também apresenta proteína espícula e marcadores de vazamento intestinal no sangue como sintomas.

O tratamento com uma droga que diminuía a permeabilidade do intestino levou a uma rápida limpeza da proteína espícula das amostras e melhoras nos sintomas, o que gerou a hipótese de que o mesmo poderia estar acontecendo com pacientes de covid longa, já que, em pacientes sem sintomas persistentes, a proteína não foi detectada.

A persistência viral, como é chamada pelos especialistas, foi detectada por alguns médicos em pessoas recuperadas da covid: cerca de 13% deles ainda liberavam RNA em amostras de fezes quatro meses após a infecção, e 4% continuavam após 7 meses. Esses pacientes reportaram sintomas gastrointestinais como náusea, vômitos e dores abdominais, também considerados sintomas de covid longa. Isso pode ser uma resposta imune devido à presença do vírus no intestino.

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Um estudo analisando o tecido intestinal de 46 pessoas com doença inflamatória intestinal que se recuperaram de covid moderada encontraram RNA viral ou proteínas em 70% delas 7 meses depois da infecção. Cerca de dois terços delas reportaram sintomas persistentes, como fadiga e problemas de memória, enquanto nenhum desses problemas acometeu pessoas nas quais nenhum fragmento do vírus foi detectado.

Outras pesquisas preliminares encontraram vírus, em alguns casos, ainda se replicando em outras partes do corpo, como os olhos, cérebro e coração muitos meses após a infecção. Essa persistência é vista em outras doenças, como o Ebola, que se esconde em lugares pouco acessíveis ao sistema imunológico, como testículos e globos oculares — e também geram sintomas persistentes em sobreviventes.

Agora, os cientistas buscam fazer pesquisas em amostras ainda maiores de pacientes, também indo mais a fundo nas investigações para que seja possível fabricar medicamentos mais eficientes, como antivirais, contra a covid longa. Especialistas, no entanto, dizem que o uso de tais drogas é complicado, já que pode incentivar adaptações do vírus: terapias duplas ou triplas, com muitos testes, são antevistas, já que não se quer, de modo algum, permitir que uma super mutação do vírus escape de pacientes.

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Fonte: medRxiv, NCBI