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Reino Unido busca voluntários que topem se infectar com COVID-19 para estudo

Por| 20 de Outubro de 2020 às 17h45

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fernando zhiminaicela/Pixabay
fernando zhiminaicela/Pixabay

Você permitiria que te infectassem com a COVID-19 para a realização de um estudo científico? Pois é justamente isso que está fazendo o governo do Reino Unido, que assinou o financiamento de um projeto com essa ideia, nesta terça-feira (20). O estudo vai acontecer no Royal Free Hospital de Londres, com direito a participação de 19 voluntários por vez, e será administrado pela hVIVO, uma empresa de pesquisa médica especializada em realizar testes de desafio, em parceria com o Imperial College London.

Aqueles que defendem esse tipo de estudo (em que os participantes são deliberadamente administrados com vírus) alegam que eles são mais eficientes, exigindo muito menos voluntários — provavelmente na casa das centenas —,  porque os pesquisadores sabem com certeza que todos serão expostos ao vírus e que podem fornecer dados científicos mais rapidamente. Por outro lado, as pessoas que estão contra esse tipo de estudo se preocupam em expor as pessoas a um vírus para o qual não há tratamento à prova de falhas, e dizem que os voluntários jovens e saudáveis ​​não são representativos da população em geral.
 
"Estamos fazendo tudo o que podemos para combater o coronavírus, incluindo o apoio aos nossos melhores e mais brilhantes cientistas e pesquisadores em sua busca por uma vacina segura e eficaz. O financiamento anunciado hoje para esses estudos inovadores, mas cuidadosamente controlados, marca um próximo passo importante na construção de nossa compreensão do vírus e na aceleração do desenvolvimento de nossas vacinas mais promissoras que, em última instância, ajudarão no início de nosso retorno à vida normal", anuncia Alok Sharma, Secretário de Negócios do Reino Unido.

O estudo envolve a exposição deliberada de um pequeno número de voluntários saudáveis ​​ao coronavírus, para determinar a dose mínima que leva à infecção. "Queremos saber desde o início como o corpo humano reage a uma dose do vírus", disse o Dr. Martin Johnson, Diretor Médico Sênior da hVIVO, em meio a uma entrevista à CNN. Com isso, a empresa planeja testar a eficácia de até três vacinas candidatas no próximo ano.

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Os voluntários serão rigorosamente selecionados para garantir que estão de boa saúde, sem condições pré-existentes. Eles precisam ter entre 18 e 30 anos. Os voluntários permanecerão em residência no Royal Free Hospital durante o período do teste, que pode durar várias semanas. A hVIVO isolou uma cepa do vírus retirada de um paciente britânico com COVID-19 e irá expor os voluntários ao vírus pelo nariz, usando uma pipeta.

Assim que um paciente apresentar sintomas de COVID-19,  os médicos administrarão o remdesivir antiviral. Cientistas do hVIVO apontam que, ao contrário dos pacientes com coronavírus que são internados no hospital, os voluntários do teste de desafio serão tratados ao primeiro sinal de infecção. No entanto, não há tratamentos comprovados que ajudem os pacientes no início do curso do vírus.

Assim que o estudo estiver concluído, o laboratório estará pronto para testar até três vacinas candidatas, que podem ser vacinas que ainda não estão em testes de Fase 3. Vale ressaltar que esse tipo de estudo que envolve a infecção voluntária não é exatamente uma novidade. Já foram realizados para cólera, febre tifoide, malária e gripe. 

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Fonte: CNN