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Reforço das vacinas não deve ser prioridade agora, aponta diretor do Butantan

Por| Editado por Luciana Zaramela | 06 de Julho de 2021 às 16h15

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twenty20photos/envato
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No combate ao coronavírus SARS-CoV-2, o Brasil imunizou de forma completa 12,92% da população, o que representa 27,3 milhões de pessoas que receberam as duas doses de uma vacina (ou um imunizante de dose única). Neste cenário, já se discute se os primeiros vacinados contra a COVID-19 precisariam de um reforço. De acordo com o Instituto Butantan, uma possível terceira dose da CoronaVac ou de outra fórmula não deve ser aplicada neste ano.

"Na Inglaterra, já estão prevendo, estão iniciando uma programação para, em outubro, dar dose de reforço. Aqui, o desafio ainda é vacinar a população em geral. Depois disso, sim, vai se poder pensar na dose de reforço e na população infantil e adolescente que, também, necessariamente, terá de ser incluída", explica o diretor do Butantan, Dimas Covas, em entrevista para o Estadão.

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Questão das vacinas e os idosos

Um dos fatores de preocupação na campanha de imunização nacional contra o coronavírus é com os idosos, sendo que uma parcela significativa deste grupo foi imunizada com duas doses da CoronaVac, a fórmula desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e pelo Butantan. No entanto, um preprint — artigo científico ainda não revisado por pares —, recentemente divulgado, apontou para a redução do caráter protetor do imunizante em pessoas com mais de 70 anos.

"Todos os dados indicam que essa população [os idosos] está protegida. O fato de ter uma resposta imune menor do que os jovens não indica que estão desprotegidos. O nível de anticorpos, talvez, seja o pior dos indicadores", defende Covas sobre os parâmetros usados para definir a menor proteção dos imunizantes na população mais idosa.

De acordo com o diretor, este não é um método seguro para avaliar a eficácia dos imunizantes, já que foi desenvolvido para outra finalidade. "Esses testes que estão disponíveis foram licenciados pela própria Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] para testar os indivíduos em relação à infecção não em relação à resposta vacinal. O que vai ser importante são, exatamente, os estudos de eficiência na medida que a vacinação progride. Tudo indica que essa população está adequadamente protegida, tanto é que diminuíram acentuadamente os óbitos e as internações", explica.

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"Não há ainda dados que indiquem que há um grande escape da população idosa da proteção [do imunizante]. Agora, quanto tempo dura? Isso estamos estudando. Tudo indica que a duração é de cerca de oito meses. A partir disso é possível, não quer dizer que vá acontecer, que haja a necessidade de um reforço, de um 'booster' vacinal. E há também estudos para saber se o 'booster' pode ser com qualquer vacina", comenta.

Reforços anuais devem acontecer

"Assim como a vacina da gripe precisa ser tomada todo ano, provavelmente, tomaremos a vacina contra a COVID-19 por um tempo", aposta Covas. No entanto, ainda há inúmeras questões abertas sobre o coronavírus, inclusive sobre a imunidade natural ou desencadeada por vacinas. 

"Na minha previsão, [a vacinação contra o coronavírus] será anual. Nos próximos dois ou três anos, certamente, vamos precisar ter um reforço vacinal para a COVID-19, um reforço que inclua as eventuais variantes que podem aparecer durante o ano", afirma o diretor do Butantan.

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Vale lembrar que, no estudo inicial, a proteção contra casos leves da CoronaVac foi de 83% e contra casos graves e moderados, de 100%. Recentemente, o estudo do Butantan em Serrana, cidade do interior de São Paulo, demonstrou a eficiência da vacina, com mais de 95% da população adulta vacinada. Neste cenário, o imunizante teve uma eficácia de 86% contra internações e de 95% contra óbitos.

"Um desempenho excelente. Isso vem corroborando com dados de estudos de eficiência não controlados e a queda dos óbitos na população com mais de 60 anos, majoritariamente vacinada com a CoronaVac", completa Covas.

Fonte: Estadão e G1