Quanto custa a pílula antirressaca, que degrada álcool antes de chegar ao fígado
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Já pensou em uma solução "mágica" que evita a ressaca após uma noite de muita cerveja ou vinho? Pensando naquelas pessoas que gostam do efeito no álcool — e não das "complicações" da bebedeira —, começa a ser vendida, no Reino Unido, a pílula antiressaca Myrkl, que decompõe o álcool antes dele chegar ao fígado. O composto funciona por até 12 horas e custa pouco mais de 190 reais.
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A pílula antirressaca foi desenvolvida pela empresa farmacêutica De Faire Medical e pelo Instituto de Ciência e Saúde Pfützner, da Alemanha. Segundo os fabricantes, todos os ingredientes são seguros para o consumo humano e não foram identificados riscos de efeitos colaterais.
No entanto, o composto não deve ser entendido como um remédio e, sim, como um suplemento alimentar, já que não foi aprovado pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (Mhra), do Reino Unido.
Quanto custa e como deve ser usada?
De acordo com o fabricante, a pílula deve ser tomada pelo menos duas horas antes de beber o primeiro gole de álcool. No Reino Unido, o composto só pode ser comprado em lojas virtuais e, no e-commerce da marca, uma cartela com 30 cápsulas custa 30 libras — aproximadamente 195 reais, em conversão direta.
Como é feita a pílula antirressaca?
Vale explicar que, de forma natural, o álcool ingerido é decomposto pelo fígado e, após este processo, a substância passa a ser um acetaldeído. Esse composto pode ser bastante tóxico para o organismo, especialmente quando é encontrado em grandes concentrações. Segundo o fabricante, a pílula antirressaca promete decompor o álcool ainda no intestino, o que deve proteger o fígado dos problemas da bebedeira.
Na sua composição, o suplemento carrega as bactérias Bacillus coagulans e Bacillus subtilis e o aminoácido L-Cisteína. Este último pode decompor o álcool em água e dióxido de carbono, evitando a toxidade do composto quando é digerido no fígado.
Aqui, vale destacar que a fórmula não pode cortar todos os efeitos da ressaca, já que outros processos estão envolvidos no consumo do álcool. Por exemplo, a desidratação e a queda no nível de açúcar no sangue não são alterados pelo uso do suplemento.
Estudo é controverso
Em um pequeno estudo, publicado na revista científica Nutrition and Metabolic Insights, pesquisadores verificaram que os voluntários que tomaram dois comprimidos do suplemento tinham 70% menos álcool no sangue uma hora depois, em comparação com aqueles que não tomaram. Apenas 24 pessoas foram recrutadas.
No entanto, o estudo tem algumas brechas, como o baixo número de inscritos. Além disso, os voluntários consumiram uma quantidade de álcool considerada baixa para ser comparada com uma noite de bebedeira: apenas dois drinks. Isso significa que, segundo especialistas, estudos mais complexos devem ser desenvolvidos para comprovar a eficácia do suplemento. Outra questão é o fato do estudo ser financiado pela própria empresa fabricante da Myrkl.
Tem no Brasil?
Cabe ressaltar que o suplemento antirressaca Myrkl não está disponível no Brasil e os valores da cartela de 30 pílulas foram apenas convertidos, sem a inclusão de possíveis impostos e custos do transporte. Além disso, a fórmula não tem nenhuma licença emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Fonte: Myrkl, Nutrition and Metabolic Insights e Telegraph