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Psicoativo da maconha pode acelerar o crescimento de tumores, aponta estudo

Por| 17 de Janeiro de 2020 às 15h30

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Psicoativo da maconha pode acelerar o crescimento de tumores, aponta estudo
Psicoativo da maconha pode acelerar o crescimento de tumores, aponta estudo

A liberação do estudo da cannabis e de seus componentes, em algumas partes do mundo, tem causado uma verdadeira revolução na área da saúde. Até então, cientistas e pesquisadores eram proibidos de pesquisar a substância por estar vinculada a uma droga recreativa — um dos vários tipos de uso da cannabis mundo afora.

Nessa leva, um estudo publicado pela Clinical Cancer Research e realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriu que o THC — principal substância psicoativa da cannabis — pode acelerar o crescimento de determinados tumores, desde que os pacientes já apresentem essas neoformações na cabeça e no pescoço, relacionadas à infecção por papilomavírus humano (HPV).

"Agora temos evidências científicas convincentes de que o uso diário de maconha pode impulsionar o crescimento de tumores de cabeça e pescoço, relacionados ao HPV", afirma o co-autor do estudo Joseph Califano, em comunicado. 

“A maconha e outros produtos derivados dela são frequentemente considerados benignos, mas é importante observar que todos os medicamentos que trazem benefícios também podem ter desvantagens", comenta o autor sobre a importância da descoberta que ajuda a desmistificar mais a planta.

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Entenda a descoberta

O tipo de câncer potencializado pelo consumo do THC é carcinoma espinocelular, que é o sexto tipo de câncer mais comum no mundo, segundo os pesquisadores. Essa doença é conhecida por atingir áreas do corpo mais expostas ao sol, como rosto e pescoço, e é característica por apresentar verrugas que crescem sem parar, aprofundando-se por ossos e demais tecidos, e feridas na pele que não cicatrizam. 

Nos resultados do estudo norte-americano, 30% dos casos deste câncer estavam relacionados à infecção pelo HPV, que é, por sua vez, o tipo de vírus que tem seus processos acelerados pela presença do THC na corrente sanguínea do paciente.

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Isso porque os pesquisadores identificaram que a substância estudada da cannabis altera uma via celular específica, a p38 MAPK, que controla a morte celular, ou seja: essa via tem suas funções inibidas com a presença do THC na corrente sanguínea. 

Em funcionamento normal, a ativação dessa via permite que as células cancerígenas morram em determinado período de tempo. Já o THC faz o oposto, permitindo que as células cancerígenas cresçam a uma taxa incontrolável.

Durante os testes com animais, os pesquisadores comprovaram que o THC interferia nessa via. Isso foi feito em um experimento com camundongos, nos quais um composto com THC foi injetado, simulando do uso diário de cannabis. Os roedores apresentaram crescimentos anormais desses tumores no final dos testes.

Em humanos

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A equipe de pesquisadores também detectou o canabinoide na corrente sanguínea de cinco dos 32 pacientes. Nesses casos, a via do p38MAPK estava interrompida, o que novamente sugere uma ligação entre o crescimento do câncer e o consumo de THC. Após a descoberta, os pesquisadores reativaram a via tanto nos humanos quanto nos animais, impedindo a multiplicação de células cancerígenas, de forma descontrolada. 

As infecções por HPV são comuns e mais de 80% da população mundial apresenta ou apresentará algum tipo desse vírus em seu organismo até os 45 anos. Felizmente, a maioria dos casos não necessita de intervenção e nem evolui para um câncer. No mercado, também existem vacinas que podem prevenir a maioria dos cânceres relacionados ao HPV.

Mesmo assim “o câncer de cabeça e pescoço relacionado ao HPV é um dos cânceres que mais crescem nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a exposição à maconha também está crescendo. Esse é um enorme problema de saúde pública”, explica Califano.

A equipe da Califórnia investiga, agora, se o CBD — ou canabidiol, outro composto comum da cannabis e usado para tratar doenças psíquicas — interfere no funcionamento desses mesmos canais.

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Fonte: Futurism e Inverse