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Pra lá de tech: invenções brasileiras da área da saúde para ficarmos de olho

Por| 15 de Setembro de 2020 às 16h47

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Gerd Altmann/Pixabay
Gerd Altmann/Pixabay

São tempos diferentes. Nunca antes estivemos tão voltados à área da saúde quanto estamos agora, por causa da pandemia de COVID-19. E sempre que o mundo inteiro se concentra em um único assunto, a tecnologia inevitavelmente acompanha isso, trazendo inovações. É o que está acontecendo com a indústria health tech: instituições e empresas se dedicam a trazer à tona invenções que possam ajudar não apenas em relação à COVID-19, como também várias outras vertentes da saúde. E é com isso em mente que o Canaltech traz algumas delas, que têm potencial.

Respiradores de baixo custo

Os respiradores mecânicos têm sido um dos principais aliados dos profissionais da saúde no tratamento de casos graves da COVID-19. No entanto, o equipamento em questão pode ter alto custo, o que prejudica a efetividade no acesso por todos os pacientes que dele necessitam.

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Direto da PUCPR

Robson Muniz, estudante do curso de Engenharia Civil da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), desenvolveu um aparelho com custo bem abaixo do verificado no mercado e que pode ser fundamental para o atendimento a indivíduos infectados com a doença.

O aparelho é constituído por uma bolsa de ressuscitação manual, e foram agregados ao projeto componentes nacionais, de fácil acesso, para que o aparelho possa ser replicado em escala. O custo médio de produção gira em torno de R$ 2,5 mil, enquanto ventiladores mecânicos adquiridos pelo Ministério da Saúde em abril de 2020 custaram simplesmente US$ 13 mil cada (ou seja, cerca de R$ 69,6 mil na cotação atual).

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“Foi utilizado motor de vidro elétrico acionado por uma placa de desenvolvimento Arduíno, que já possui hardware incorporado. A parte mecânica foi projetada de modo a permitir que a máquina seja robusta, mas leve. De forma resumida, o aparelho pressiona a bolsa Ambu, sendo que o usuário da máquina consegue programar a quantidade de vezes por minuto que a bolsa será pressionada, bem como o volume de ar que vai ser aplicado ao paciente”, nos conta o pesquisador.

Basicamente, o respirador emergencial, que deve ser utilizado durante a pandemia e recolhido ao final deste período, e a programação pode ser feita em menos de um minuto. O projeto está em fase de obtenção do protocolo de estudo clínico, processo voltado a avaliar um novo tratamento. Uma vez validado o aparelho, o objetivo, conta o estudante é distribuir o respirador para hospitais e postos de saúde da região de Curitiba. Como se trata de um equipamento simples de ser fabricado e montado, porém, ele comenta que o projeto poderia ser reproduzido a nível nacional, para que o maior número possível de pessoas seja alcançado.

Outro paranaense, do IFPR

Um protótipo de ventilador pulmonar, elaborado no Instituto Federal do Paraná (IFPR), também está em fase avançada em seu projeto. O modelo conta com o apoio da fintech Zetra, que em parceria com o IFPR, pretende impulsionar a produção do aparelho, que será utilizado por hospitais públicos e privados no atendimento a pacientes com quadros graves de COVID-19.

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Idealizado pelo professor Carlos Eduardo Araújo, PhD em eletrônica pelo IFPR, em parceria com Rogerio Gomes, professor de mecânica no IFPR, o ventilador pulmonar é um dos equipamentos com menor disponibilidade durante essa crise. O projeto foi um dos três vencedores do "Code Life Ventilator Challenge", desafio que contou com 2.639 participantes, representando 94 países.

"No geral, esse protótipo foi concebido a partir de técnicas modernas de engenharia e sofisticados componentes mecânicos e eletrônicos. Mais especificamente esse design simples e eficiente trabalha com uma válvula de fluxo eletromagnético para medir e controlar o fluxo de ar para o paciente. Além disso, o dispositivo integra uma exibição gráfica, permitindo que os usuários verifiquem todos os parâmetros controlados e medidos pelo dispositivo na tela de análise", afirma Rogerio Gomes, um dos responsáveis pela iniciativa.

A tecnologia, segundo a equipe envolvida, foi testada e avaliada por uma junta médica canadense, que ressaltou a qualidade e precisão do equipamento. A partir do momento em que a direção da Zetra tomou conhecimento do projeto, se empenhou para contribuir com uma rápida solução para as dificuldades encontradas na aquisição desses aparelhos em todo o mundo.

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Robô para atendimento em hospitais

Em Curitiba, a startup Human Robotics, acelerada pela Hotmilk - Ecossistema de Inovação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), criou robôs físicos de atendimento e interação presencial para aplicar inteligência artificial na melhoria dos serviços hospitalares. Foram três meses de aceleração e, atualmente, seu escritório está instalado dentro do Tecnoparque da PUCPR.

Os robôs da Human Robotics são capazes de interagir em português, detectar pessoas e se movimentar de forma autônoma. Por trás, existe uma plataforma de software que permite configurar de forma simples o que o robô vai falar, perguntar e mostrar. “Por ter movimento da cabeça, expressões e falar em português, o nosso robô traz uma experiência de autoatendimento humanizado muito superior a um totem estático”, explica Olivier Smadja, fundador da startup.

No Hospital Universitário Cajuru (HUC) o robô vai atuar como um meio para familiares conversarem com os pacientes, impossibilitado pela quarentena. A medida é importante para estabelecer o vínculo emocional dos pacientes da UTI com os familiares. “Na UTI o paciente não tem acesso à internet nem celular, e com isolamento social, todas as visitas estão suspensas. Buscamos oferecer uma experiência significativa para os pacientes e o robô humaniza o processo hospitalar, unindo assistência aos valores Maristas, sempre com o olhar para o ser humano”, explica o diretor geral do HUC, Juliano Gasparetto.

Nessa mesma pegada, a Pixeon lançou uma nova versão de sua plataforma de Inteligência Artificial desenvolvida para proporcionar um atendimento eficiente e humanizado a pacientes. Implantada de forma integrada e nativa às diversas soluções da empresa, a Pixeon Lumia automatiza e torna inteligentes os pontos em que o paciente entra em contato com as instituições de saúde.

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Assim, na prática, alguém que procura uma clínica para fazer um exame, por exemplo, poderá ter contato com a inteligência artificial ao fazer agendamento, pode ser recepcionado por um robô ao chegar à clínica para fazer o exame e, depois, receber os resultados via WhatsApp, enviados pela própria Lumia.

A companhia lançará a comercialização da oferta ao mercado no início de setembro no modelo SaaS (software as a service). Com o lançamento da Pixeon Lumia, a empresa passa a oferecer também, como parte de sua solução de inteligência artificial para a Saúde, uma linha de robôs que podem ser usados tanto para a recepção de pacientes quanto para o suporte ao atendimento médico em hospitais. Dentre os recursos, a Lumia incorporada a robôs pode apoiar e assumir processos como televisita, teleconsulta, teletriagem, assistência beira-leito, além de outras possibilidades de monitoramentos e apoio aos profissionais médicos e enfermaria.

A Pixeon chegou a doar 5 robôs de telepresença ao Hospital das Clínicas de São Paulo. Seus robôs serão oferecidos pela Pixeon em dois modelos inicialmente: um totalmente autônomo, que é um robô humanoide capaz de reconhecer facialmente as pessoas, conectar ao seu prontuário, reconhecer qual o médico em atendimento e fazer conexões para teleconsulta e telemedicina, e o outro chamado de telepresença, mais utilizado para implementações e uso em processos mais simples, focado no atendimento a distância com interatividade de voz e vídeo.

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Câmera Térmica

A empresa de soluções digitais Um Telecom lançou um Video Cloud Inteligente que conta com recurso de Medição de Temperatura Corporal (MTC). Na prática, consegue medir a temperatura corporal de 5 mil pessoas em 30 minutos, ao passo que um termômetro infravermelho de testa leva cerca de 4 horas e 20 minutos para medir a mesma quantidade de pessoas.

A Video Cloud Inteligente consegue aferir temperatura, fazer reconhecimento facial, definir sexo e faixa etária de pessoas filmadas, detectar faces sem máscara dentro de um ambiente, verificar de volume de pessoas e aglomerações, aferir de temperatura de animais e armazenar esses dados na nuvem em tempo real. A ideia da invenção é atender bancos, aeroportos, estacionamentos, universidades, fábricas, estádios e eventos, hospitais, prédios corporativos, shoppings, supermercados e varejo.

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Software e rastreamento

O IdeiaGov, Hub de Inovação que traz soluções de mercado e da sociedade para desafios do Governo do Estado de São Paulo, anunciou, no início de agosto, os selecionados do edital "Testes acessíveis e replicáveis de diagnóstico da COVID-19" e "Ofertas Tecnológicas para o enfrentamento da COVID-19". Para o segundo edital, duas empresas foram escolhidas: Mindify, empresa especializada em inteligência artificial; e NeuralMed, startup de inteligência artificial para a saúde, que já desenvolve ferramentas de Inteligência Artificial há dois anos.

A NeuralMed apresentou um rastreamento epidemiológico de suspeitos da COVID-19 através do processamento de linguagem neutral, ou seja, fez a utilização de PNL (programação neurolinguística) em laudos (radiologia e diagnóstico por imagem), para extrair as informações de forma automática. A proposta escolhida identifica automaticamente relatórios radiológicos com resultados específicos, fazendo a leitura do laudo, informando se está normal ou alterado, além de identificar as possíveis lesões ou doenças presentes, armazenando estes conceitos em bancos de dados.

Já a Mindify apresentou um software para capacitar equipes de Saúde no uso de protocolos de referência, mesmo sem treinamento prévio, para auxiliar na tomada de decisões e o registro de dados com simplicidade inédita. A solução funciona através da coleta de dados clínicos estruturados oferecendo formulários (telas) simples de usar, usando os dados para apoiar a tomada de decisões clínicas e para automatizar procedimentos burocráticos Os formulários podem ser utilizados sem necessidade de integração com o software de gestão hospitalar.

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Solução com radiação ultravioleta controlada por dispositivo

Na pandemia, temos ficado de olho na radiação ultravioleta. As amigas Paula Machado e Eliane Dillenburg, ambas cirurgiãs-dentistas por formação, em parceria com Juliano Dillenburg, mestre em engenharia, chegaram em um denominador comum: a formatação de um sistema que traz a solução customizada e individual por meio de um projeto luminotécnico e que faz uso de tecnologia de automação. Com isso surgiu a startup Meister Safe.

A proposta é que através de uma avaliação totalmente individualizada, levando em consideração a metragem e temperatura da sala, é possível desenvolver com base logarítmica um projeto de aplicação de raios ultravioletas, garantindo, assim, um nível de eficiência do sistema que está em conformidade com os principais órgãos reguladores.

O produto traz também um sistema de biossegurança inteligente, que por meio de técnicas de automação pode ser acionado por voz ou programado através de dispositivos móveis, totalmente controlado pela palma da mão. Com sensores de presença e movimento instalados, o sistema interrompe automaticamente a emissão dos raios ao menor sinal deles, evitando o contato da radiação sob a pele.