Por que você não deve cortar apenas a parte mofada de um alimento?
Por Fidel Forato | Editado por Luciana Zaramela | 30 de Maio de 2022 às 10h18
Muito provavelmente, você já se deparou com uma fruta embolorada, esquecida na gaveta da geladeira, ou ainda com uma fatia de pão de forma mofada. Para não perder o alimento, é costume cortar somente a parte estragada. No entanto, especialistas apontam para os riscos do hábito, já que os fungos produzem substâncias tóxicas para os humanos.
Vale explicar que o mofo é um tipo de fungo filamentoso — marcado pela existências das hifas, ou seja, seus filamentos — e este se desenvolve em diferentes tipos de matérias orgânicas. Além do tradicional bolor verde, o mofo pode aparecer em outras cores, como azul, vermelho ou branco, dependendo das suas características.
Por que não descartar apenas a parte mofada do alimento?
O problema é que, quando o fungo é visível em alguma parte de uma maçã, muito provavelmente, ele já se alastrou por toda a fruta. O mesmo vale para pães, grãos, vegetais e raízes, por exemplo.
"O fungo não é composto apenas pela parte visível. Quando é possível observá-lo na superfície do alimento, sua colônia já está bem desenvolvida na parte de dentro. É lá que são produzidas as substâncias nocivas, chamadas de micotoxinas, que variam de acordo com a espécie do fungo", explica o biomédico Roberto Martins Figueiredo, para o portal da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Em alguns casos de alimentos mofados, é preciso se atentar para o fato de que bactérias nocivas também podem se proliferar, já que o ambiente é propício. A diferença é que a cultura de bactérias permanece invisível ao olho humano.
O que o fungo pode causar no corpo?
"Alguns fungos produzem substâncias venenosas chamadas micotoxinas. Várias centenas de micotoxinas já foram identificadas, mas cerca de uma dúzia têm a reputação de causar sérios efeitos à saúde", afirma a pesquisadora e química, Emma Davies, para a revista Science Focus.
De forma geral, alimentos mofados podem provocar os seguintes sintomas nos indivíduos que os consumirem:
- Tremores;
- Fraqueza muscular;
- Febre;
- Alergias;
- Dores abdominais;
- Intoxicação alimentar;
- Vômitos e diarreia.
A micotoxina mais perigosa
Entre as micotoxinas mais perigosas e venenosas, a química destaca o risco das aflatoxinas. Estas são produzidas por fungos do gênero Aspergillus, encontrados em cereais e nozes. "Eles podem danificar o DNA, aumentando o risco de causar câncer", explica Davies. Além disso, em grandes quantidades, podem levar o paciente ao óbito.
"Felizmente, a maioria das micotoxinas são apenas um risco para a saúde se as ingerirmos por longos períodos", completa Davies. Preferencialmente, a especialista recomenda que sejam somente consumidos alimentos mofados quando estes forem projetados para serem assim, como é o caso do queijo gorgonzola.
Fonte: Science Focus e UFMG