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Por que pílulas de iodo estão sendo enviadas para a Ucrânia?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 09 de Março de 2022 às 19h15

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Duallogic/Envato Elements
Duallogic/Envato Elements

Com o avanço da invasão russa na Ucrânia, países da Eruopa, como a França, anunciaram o envio de pílulas de iodo — mais especificamente, comprimidos de iodeto de potássio (KI) — para proteger a população dos efeitos da radiação em caso de um acidente nuclear.

Vale lembrar que, na Guerra da Ucrânia, a Rússia já conquistou a Usina Nuclear de Zaporizhzhya, considerada a maior de todo o continente. Além disso, está sob o domínio russo a Usina de Chernobyl. Nesta quarta-feira (9), as instalações de Chernobyl ficaram sem energia e os geradores de emergência foram ativados.

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Diante deste cenário, o medo de alguma catástrofe que pode afetar a saúde de milhões de pessoas do país cresce. Na história recente, pílulas de iodo foram recomendadas pelo Japão, em 2011, após o acidente nuclear de Fukushima. O objetivo é reduzir o risco de desenvolver câncer de tireoide.

Procura por pílulas de iodo dispara na Europa

Os temores de uma catástrofe nuclear se espalham por todo o continente e as pílulas de iodo estão acabando nas prateleiras de farmácias europeias. Segundo a agência de notícias Reuters, os comprimidos se esgotaram na Bulgária, Polônia e República Tcheca. Especificamente nas farmácias búlgaras, nos últimos seis dias, foi vendido o equivalente a um ano do suprimento.

No entanto, a busca pelas pílulas de iodo também avança para países mais distantes geograficamente do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, como Bélgica, França e Holanda. A questão é que, para estas pessoas, o composto pode ser inócuo e até causar danos.

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Iodo pode ser profilático?

Segundo diferentes agências de saúde, o iodo — que pode ser ingerido tanto como pílula quanto como xarope — não é um tratamento profilático contra a radiação. Em outras palavras, não funciona na prevenção de uma situação futura.

Caso a radiação não esteja presente no corpo do indivíduo, o uso desse tipo de comprimido não traz benefícios. Pelo contrário, a medicação pode causar danos, principalmente para pessoas com alguma disfunção da atividade da tireoide, como o hipertireoidismo.

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Com o aumento da busca pelas pílulas, a Agência Federal de Controle Nuclear da Alemanha (FANC) informou, aos seus cidadãos, que "a atual situação na Ucrânia não exige a ingestão de comprimidos de iodo". Também reforçou que o iodo só deve ser usado por recomendação.

Quando usar pílulas contra radiação?

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos explica que o iodeto de potássio (KI) é um sal de iodo estável (não radioativo) e, como tal, "pode ajudar a impedir que o iodo radioativo seja absorvido pela glândula tireoide, protegendo assim esta glândula de lesões por radiação".

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De forma geral, a tireoide é considerada a parte do corpo que é mais sensível ao iodo radioativo. Por causa disso, o uso é recomendado em momentos específicos, como após acidentes em uma usina nuclear em um raio de até 100 quilômetros, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente, Proteção da Natureza e Segurança Nuclear da Alemanha (BMUV).

No entanto, o CDC destaca que a pílula "não impede que o iodo radioativo entre no corpo e não pode reverter os efeitos na saúde causados ​​pelo iodo radioativo quando a tireoide está danificada". Além disso, o efeito protetor é limitado à tireoide e não protege o organismo contra outros elementos radioativos.

"Sal de mesa e alimentos ricos em iodo não contêm elemento suficiente para impedir que o iodo radioativo entre na glândula tireoide", informa o CDC sobre o uso caseiro de possíveis substitutos.

Como funciona o iodo no organismo?

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Para a tireoide, não faz diferença absorver o iodo estável ou o radioativo (instável). A glândula vai utilizar o que estiver disponível no organismo do indivíduo. A partir desse fato, a ideia é que pessoas pós-exposição a alguma forma de radiação suplemente o iodo estável, a partir dos comprimidos.

"Quando uma pessoa toma o KI, o iodo estável do medicamento é absorvido pela tireoide. Como o KI contém muito iodo estável, a glândula tireoide fica 'cheia' e não pode absorver mais iodo — estável ou radioativo — pelas próximas 24 horas", detalha o CDC sobre a estratégia.

Apesar da fórmula não fornecer uma eficácia de 100% na proteção contra a radiação, o paciente pode sofrer menores danos causados pelo iodo radioativo. A taxa protetora pode aumentar diante de algumas condições variáveis:

  • Tempo de início da suplementação;
  • Capacidade de absorção do iodo estável pelo organismo do indivíduo;
  • Dose de exposição ao iodo radioativo.
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Existem outros tratamentos contra radiação?

O uso das pílulas de iodo se limitam à exposição ao iodo radioativo, mas não mantêm as pessoas protegidas contra outras formas de radiação. Infelizmente, a ciência ainda não descobriu métodos totalmente eficazes contra este tipo de exposição e a recuperação da pessoa, em quase 100% dos caos, depende da quantidade de radiação absorvida pelo corpo.

Em acidentes em que os resíduos radioativos se depositam na superfície do corpo, uma estratégia válida é lavar, rapidamente, estes resíduos com água e sabão. Isso pode, eventualmente, reduzir a taxa de absorção deles pela pele.

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Em Chernobyl, o acidente de 1968 matou diretamente dois funcionários da usina nuclear. No entanto, outros 134 sofreram síndrome de radiação aguda (SAR), sendo que 28 deles morreram nos primeiros três meses, de acordo com a Comissão Canadense de Segurança Nuclear. Nesses casos, a exposição dos indivíduos próximos ao reator foi muito alta e, até hoje, são desconhecidas formas de retardar os danos da radiação.

Fonte: CDC, DW, Reuters e Insider