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Por que não existem clones humanos?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 10 de Maio de 2022 às 13h30

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Twenty20photos/Envato Elements
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A ideia da existência de clones humanos pode parecer tentadora ou se assemelhar a um pesadelo, dependendo de como se encara a existência de uma pessoa exatamente idêntica a você, mas com personalidade e desejos próprios. Apesar de todas as questões envolvidas — incluindo as éticas e legais —, cabe se perguntar o porquê da clonagem humana não ter se popularizado.

Antes de seguirmos, vale explicar o que significa a expressão clonagem. Este é um termo bastante amplo, usado para diferentes processos. Em comum, todos buscam produzir "cópias geneticamente idênticas de uma entidade biológica", segundo definição do National Human Genome Research Institute (Nhgri).

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Por que não existem clones humanos?

Independente dos desafios tecnológicos, "penso que não há uma boa razão para fazer clones [humanos]”, explicou Hank Greely, professor de direito e genética da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, em entrevista para a revista Live Science. Além disso, existem inúmeras implicações éticas, legais e sociais que impedem a existência de clones.

No momento, não se sabe quais riscos estaria exposto um ser humano clonado. Por exemplo, este indivíduo poderia apresentar falhas genéticas e condições que o levariam a morrer mais rápido que a sua versão original. "Como os riscos associados à clonagem reprodutiva em humanos apresentam uma probabilidade muito alta de perda de vidas, o processo é considerado antiético", explica a Enciclopédia Britânica. Em outra perspectiva, a clonagem ainda pode ser considerada uma violação dos princípios de dignidade humana, liberdade e igualdade.

Clonagem não é criação de cópias idênticas

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Aqui, é importante explicar que um clone compartilha apenas o mesmo material genético, mas isso não significa que os dois, três ou 10 indivíduos iguais terão os mesmo pensamentos e opiniões. "Todos nós conhecemos clones — gêmeos idênticos são clones um do outro — e, portanto, todos sabemos que os clones não são a mesma pessoa", lembra o pesquisador Greely.

Nesse sentido, um clone teria apenas a mesma composição genética que outra pessoa, mas a subjetividade do indivíduo, como a moral, não seria compartilhada. Isso porque, além do material genético, um ser humano é constituído pelo meio em que se desenvolveu e pelos estímulos que recebeu ao longo de sua vida. Dessa forma, clones compartilhariam apenas os aspectos físicos.

Um clone humano poderia ser útil?

Para Greely, "não há nenhum [benefício] que devamos estar dispostos a considerar" para a clonagem humana. Novamente, o professor reforça que pensar em qualquer uso é impossível sem se dissociar das questões éticas.

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Sem a moral e sem a ética da ciência, “um benefício teórico seria criar humanos geneticamente idênticos para fins de pesquisa”, pondera Greely. Por exemplo, a ideia de usar embriões clonados para "produzir células-tronco embrionárias humanas idênticas às células de um doador foi amplamente discutida no início dos anos 2000", lembra.

Só que este já é um desafio superado pela ciência. Hoje, pesquisadores podem contar com as chamadas células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs). Basicamente, estas são células "adultas" que foram reprogramadas e cumprem a mesma função das células-tronco.

Banco de órgãos universal

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Outra questão poderia ser um banco universal de órgãos. Aqui, é preciso explicar que, a partir da criação de clones, elas passariam a ser considerados humanos, independente da forma pela qual vieram ao mundo. Nessas circunstâncias, seria extremamente antiético matá-los para que um outro ser pudesse sobreviver. Afinal, quem definiria qual das versões é a mais humana?

Nesse ponto, a ciência avança em estudos que buscam desenvolver órgãos substitutos em laboratório ou mesmo em outros animais, como os porcos. Nos próximos anos, a situação deve ser completamente outra, sem envolver qualquer tipo de clones humanos.

Observação: sim, é verdade que questões éticas sobre a morte de porcos, por exemplo, também merecem ser discutidas, mas este não é um problema envolvendo especificamente a clonagem. A questão é como a sociedade humana enxerga as outras espécies.

Ovelha Dolly e outros mamíferos clonados

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"Em 1979, pesquisadores produziram os primeiros camundongos geneticamente idênticos, dividindo embriões no tubo de ensaio e, em seguida, implantando os embriões resultantes nos úteros de camundongos adultos", explica o Nhgri.

Apesar do ineditismo do feito com os roedores, a história da ovelha Dolly é que ficou mundialmente conhecida e é considerada como um marco no campo da clonagem desde 1996. Isso porque o processo todo ocorreu a partir de uma célula somática ("adulta"). Desde então, muito se especulou sobre o avanço das técnicas e, hoje, é produção de clones é muito mais simples do que naquela época.

Atualmente, inúmeros mamíferos já foram clonados a partir de células somáticas, como:

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Suposto clone humano

Na recente história da clonagem, circulou o boato da criação de um suposto clone humano. Em 2002, a cientista Brigitte Boisselier afirmou ter criado o primeiro humano, a partir de técnicas de clonagem. O indivíduo foi nomeado de Eva. No entanto, ela nunca forneceu evidências sobre o feito, que acabou sendo desmentido publicamente.

Fonte: Live Science, Nhgri e Enciclopédia Britânica