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Por que casos de reinfecção por covid estão mais frequentes?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 20 de Junho de 2022 às 16h57

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kjpargeter/Freepik
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Uma equipe de cientistas britânicos descobriu que nem sempre uma pessoa infectada pelo vírus da covid-19 manterá uma boa imunidade no futuro contra a mesma doença. A descoberta ajuda a explicar o porquê de tantas pessoas enfrentarem reinfecções do coronavírus SARS-CoV-2, especialmente com a chegada da Ômicron e de suas sublinhagens.

Publicado na revista Science, o estudo sobre a imunidade após contrair o vírus da covid-19 foi desenvolvido por pesquisadores do Imperial College London, no Reino Unido. A principal conclusão do estudo é que pessoas infectadas pela Ômicron "ganham" um fraco reforço imunológico contra futuras infecções.

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Para chegar a estas conclusões, os cientistas analisaram amostras de sangue de mais de 700 profissionais de saúde britânicos, que enfrentam um alto risco de exposição ao coronavírus. Todos receberam três doses de uma vacina de mRNA, como a da Pfizer. Além disso, há uma grande variedade de cepas que, eventualmente, os infectaram, como a original (encontrada em Wuhan), a Alfa (B.1.1.7), a Delta (B.1.671.2) ou a Ômicron (BA.1).

Contrair covid-19 não é garantia de boa imunidade

É senso comum que, após uma infecção pelo vírus da covid-19, a pessoa esteja imune contra novas infecções do mesmo agente infeccioso, já que o corpo teria aprendido a reconhecer o vírus. No entanto, o estudo britânico aponta que a realidade não é exatamente assim. Inclusive, a variante Ômicron provoca uma baixa imunidade contra reinfecções da mesma cepa. Em pessoas vacinadas, a proteção também cai, mas em menor grau.

Entenda os resultados do estudo sobre reinfecções

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Para entender os resultados do estudo, é possível fazer algumas comparações entre as imunidades relatadas por profissionais de saúde, como fez o pesquisador e biólogo Airton Pereira e Silva, que não esteve envolvido na pesquisa:

  • Voluntário 1: pessoa infectada pela cepa de Wuhan, tomou três doses da vacina da Pfizer e foi infectada pela Ômciron;
  • Voluntário 2: pessoa que tomou três doses da Pfizer e somente foi infectada pela Ômicron.

O voluntário 1 não teve uma resposta imunológica tão boa quanto o 2, embora o senso comum apontasse o inverso. "Na verdade, a resposta [imunológica do 1] é a mesma de quem teve [a cepa de] Wuhan sem infecção com Ômicron", explica Pereira. Em outras palavras, a pessoa poderá ser reinfectada pela Ômicron, caso seja exposta ao vírus.

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Outra descoberta é que, após quatro meses da terceira dose, os indivíduos infectados pela cepa original ou pela cepa original e pela Ômciron tinham menos anticorpos do que aqueles que foram somente infectados pela Ômicron. Isso considerando que todos estavam vacinados.

Quem foi infectado pela primeira onda da pandemia — quando a cepa original era predominante — foi, muito provavelmente, alvo de um processo conhecido como immune imprinting. Em outras palavras, a exposição a uma variante prejudicou futuras respostas contra as demais.

Vacinas ainda valem a pena?

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“Descobrimos que a Ômicron está longe de ser um impulsionador natural benigno da imunidade da vacina, como poderíamos ter pensado, mas é um evasor imunológico especialmente furtivo", explica Danny Altmann, um dos autores do estudo e professor do Imperial College London, em comunicado.

“Embora nossas últimas descobertas destaquem preocupações diretas sobre a natureza da infecção pela Ômicron, a vacinação permanece eficaz contra doenças graves. Aqueles que são elegíveis para receber um reforço devem ser encorajados a fazê-lo”, acrescenta Altmann.

Neste sentido, Silva ainda aponta que "a imunidade natural pode ser pior do que as vacinas, principalmente para quem teve a covid-19 logo no começo da pandemia (Wuhan) — uma variante bem diferente da atual (Omicron)", o que reforça a importância da vacinação.

Isso porque, segundo Silva, "a infecção prévia pode prejudicar as células T [um tipo de glóbulo branco] contra a Ômicron. A imunidade natural sozinha não é melhor! Além do risco da covid longa, ela pode prejudicar resposta contra futuras variantes, tanto em anticorpos como em células T".

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Apesar das descobertas do estudo, o número de voluntários inscritos é relativamente baixo e estudos futuros ainda devem confirmar esta possível limitação da imunidade contra a variante Ômicron do coronavírus.

Fonte: Science e Imperial College London