Por que bebês humanos são mais "atrasados" que os de outras espécies?
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Se compararmos com outras espécies, os bebês humanos podem parecer atrasados. Por exemplo: girafas podem ficar de pé uma hora depois de nascerem, algo que um humano leva quase um ano para fazer. Mas por que existe essa diferença? E os bebês de nossa espécie realmente deixam a desejar? Um estudo publicado na Nature Ecology and Evolution na última segunda (4) tentou responder a essas questões.
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No estudo, os pesquisadores ressaltam que os cérebros dos bebês humanos têm menos de um terço do tamanho que eventualmente terão. Entre os primatas, o próximo menor cérebro seria o do chimpanzé, mas mesmo o deles tem 35 a 40% do tamanho em comparação com os de um adulto, o que já representa duas vezes maior que o dos humanos.
Conforme explica o novo artigo, à medida que os humanos evoluíram, a seleção favoreceu os bebês com cérebros relativamente menores no momento do nascimento, e uma proporção maior do crescimento cerebral foi compensada para o período pós-natal.
Outra teoria levantada pelo estudo é que a culpa de um bebê humano ser tão "atrasado" se deve à quantidade de energia necessária para gerar. As exigências energéticas fetais na parte final da gravidez são demasiado elevadas para manter a gestação muito além das 40 semanas, conforme os pesquisadores ressaltam.
"Atraso" do humano é vantajoso
Mas o estudo afirma que, em termos evolutivos, nascer com um cérebro comparativamente subdesenvolvido é, na verdade, uma vantagem.
Segundo o relatório, esse contexto está atrelado a um elevado nível de plasticidade cerebral, resultando em maiores capacidades de aprendizagem, flexibilidade comportamental e maior capacidade de transmissão cultural.
“Uma maior proporção de desenvolvimento cerebral que ocorre no período pós-natal permite que os circuitos neurais sejam moldados diretamente pelo ambiente onde o indivíduo adulto terá de sobreviver”, conclui o estudo. E nas futuras fases da vida, a questão muda e se torna "por que o cérebro humano é tão grande em relação ao de outras espécies?", questão que os pesquisadores também já revisitaram.
Fonte: Nature Ecology and Evolution