Poluição do ar pode estar associada com Alzheimer e Parkinson, revela estudo
Por Júlia Putini • Editado por Luciana Zaramela |

Uma nova pesquisa revelou como os poluentes contidos no ar desempenham um papel-chave na diminuição da potência do cérebro humano. Publicado neste mês de outubro no periódico científico Alzheimer's & Dementia, o estudo contou com a análise de dados de mais de 66.000 pessoas durante 10 anos.
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Os cientistas da Universidade de Luxemburgo, Rostock e Bonn combinaram exames de sangue e testes cognitivos dos participantes adultos ao longo desse período (2006-2015) com dados de poluição do ar em seus endereços residenciais para verificar a exposição às Partículas Inaláveis Finas.
Também chamadas de PM 2,5, por terem diâmetro menor ou igual a 2,5 micrômetros, elas desencadearam o aumento de um tipo de glóbulo branco, causando inflamação sistêmica. Esse fator se correlaciona com um declínio no tempo de processamento cognitivo (CPT), uma medida de quão rápido o cérebro pode responder a estímulos.
A exposição a esse tipo de partícula está ligada a doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. Além de penetrar pulmão e sangue, o PM 2.5 também pode atravessar a barreira do cérebro, chamada de barreira hematoencefálica, e causar inflamação local.
Como Gabriele Doblhammer, líder do estudo, escreveu no site DZNE: “a inflamação já demonstrou desempenhar um papel importante no desenvolvimento de doenças neurodegenerativas. Portanto, a inflamação que vemos em resposta à poluição do ar pode interromper as funções imunológicas no cérebro, prejudicando indiretamente a saúde cognitiva”.
No entanto, os pesquisadores descrevem também que os mecanismos por meio dos quais o PM 2,5 afeta a função cognitiva permanecem mal compreendidos. Uma vez que a urbanização e a população idosa aumentam, é crucial entender papel da poluição do ar em doenças neurodegenerativas.
Michael Heneka, autor do estudo e diretor do Centro de Biomedicina de Sistemas de Luxemburgo (LCSB), conclui que a forte correlação entre poluição do ar e déficits cognitivos indica a necessidade de mais estudos para identificar quais poluentes e mecanismos celulares estão envolvidos nesse efeito.
Assim, no futuro, será possível contar com políticas públicas de saúde para conter os riscos causados pela exposição de longo prazo ao PM 2,5.
Fonte: Alzheimer's & Dementia