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Pílula do exercício: cientistas descobrem molécula que inibe fome ao exercitar

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Myriam Zilles/Unsplash
Myriam Zilles/Unsplash

Cientistas descobriram uma molécula no sangue produzida durante os exercícios que pode ser, no futuro, sintetizada em pílula para ajudar no emagrecimento, inibindo a fome. Testes realizados em camundongos de laboratório mostraram sucesso na redução do consumo de alimentos sem a necessidade de fazer exercícios: o famoso da vez é o aminoácido Lac-Phe.

O estudo em questão foi realizado por pesquisadores do Baylor College of Medicine e da Stanford School of Medicine, em colaboração com outras instituições, e publicado no periódico científico Nature. Após o teste em animais, os cientistas buscam entender melhor a funcionalidade das moléculas envolvidas para fabricar, no futuro, uma "pílula do exercício".

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Exercícios, ratos e comidas

Fazer exercícios, lembram os cientistas, comprovadamente ajuda a perder peso, regular o apetite e melhorar o perfil metabólico dos humanos — especialmente pessoas obesas e acima do peso. Pensando nisso, a recente pesquisa investigou o que a atividade física faz ao nível molecular, buscando entender alguns de seus benefícios.

Os pesquisadores, então, analisaram compostos de plasma sanguíneo de camundongos após exercícios intensos, encontrando uma molécula especialmente ativa, o aminoácido Lac-Phe. Ele é um produto sintetizado a partir do lactato, um subproduto da atividade física que causa as dores musculares após sua realização, e da fenilalanina, um aminoácido importante na formação das proteínas.

Camundongos com dietas que os induziram à obesidade, ou seja, com muita gordura, tiveram o consumo alimentar suprimido em 50% após a aplicação de altas doses de Lac-Phe, em comparação a camundongos de controle (que não receberam a substância) em um período de 12 horas sem mudanças na movimentação ou gasto de energia.

Após 10 dias de aplicação, o Lac-Phe diminuiu o consumo de alimento cumulativamente, além do peso corporal, devido à perda de gordura do corpo e aumento da tolerância à glicose. Também foi identificada uma enzima envolvida na produção da molécula, a CNDP2, sendo que os camundongos que não a possuíam não perdiam tanto peso em regime de exercícios como outros animais com ela.

Teremos uma pílula do exercício?

Em humanos e em cavalos de corrida, os cientistas também identificaram elevações grandes nos níveis de Lac-Phe no plasma sanguíneo após exercícios físicos. Entre as atividades, a que mais ativou a produção da molécula foi a arrancada (ou corrida de velocidade), seguida do treino de resistência, e então exercícios de peso livre. Entende-se, então, que a substância ajuda a regular a alimentação há muito tempo, em diversas espécies, em associação à atividade física.

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O próximo passo, segundo os pesquisadores, é entender com mais detalhes como o Lac-Phe media os efeitos no corpo, incluindo o cérebro. Aprender a modular o caminho dos exercícios com a molécula é importante para poder fazer intervenções terapêuticas, possivelmente fabricando a tal pílula do exercício: o objetivo é ajudar pessoas que não podem se exercitar, como idosos e indivíduos mais frágeis, diminuindo os efeitos de problemas como osteoporose e doenças cardíacas.

Fonte: Nature