Pessoas sem metade do cérebro ainda podem reconhecer palavras e rostos
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 16 de Agosto de 2022 às 15h52
Pessoas sem metade do cérebro ainda podem reconhecer palavras e rostos, conforme destaca um estudo preliminar apresentado na plataforma BioRxiv. Para determinar se um dos hemisférios é capaz de sustentar sozinho essa tarefa, os pesquisadores recrutaram 40 adultos submetidos a uma hemisferectomia para remover metade de seu cérebro quando criança.
- Nosso cérebro passa a vida toda tentando adivinhar as coisas
- Saiba como doar seu cérebro para a ciência
A hemisferectomia costuma ser realizada como último recurso em casos extremos de epilepsia infantil e pode ajudar a atenuar crises que se originam em um dos hemisférios. Embora os participantes que passaram por esse procedimento tenham tido um desempenho inferior, em comparação com o grupo de participantes que têm o cérebro inteiro, a média de precisão foi 80% para reconhecimento de rostos e palavras.
Os pesquisadores descobriram que a precisão dos pacientes não depende do hemisfério removido. Ou seja, os pacientes que possuem apenas o hemisfério esquerdo ou apenas o hemisfério direito do cérebro apresentaram desempenho semelhante no reconhecimento de rostos e palavras.
Em um segundo experimento, os autores do estudo desafiaram todos os participantes a reconhecer palavras e rostos que apareciam apenas em um lado da tela, e não no centro. Isso porque objetos vistos na metade esquerda do campo visual são geralmente processados pelo hemisfério direito e vice-versa.
Mais uma vez, os participantes que ainda tinham as duas metades do cérebro superaram aqueles que foram submetidos a uma hemisferectomia, mas o curioso é que isso não se aplicou nas palavras exibidas no lado esquerdo da tela. Neses caso específico, o grupo com apenas um hemisfério obteve uma pontuação mais alta, independentemente de qual lado do cérebro tenha sido removido.
No entanto, estudos anteriores mostraram que adultos que sofrem lesões no córtex occipitotemporal ventral direito e esquerdo tendem a perder a capacidade de reconhecer palavras e rostos com o passar do tempo. Além disso, adultos com lesões no hemisfério esquerdo levaram 100 vezes mais tempo para ler palavras do que controles saudáveis, enquanto aqueles com danos no hemisfério direito cometeram 10 vezes mais erros em uma tarefa de reconhecimento facial do que aqueles sem qualquer lesão no cérebro.
Fonte: BioRxiv, National Library of Medicine via IFL Science