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Pesquisadores da USP conseguem identificar gravidade da COVID-19 pelo sangue

Por| 02 de Fevereiro de 2021 às 23h00

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Arek Socha/Pixabay
Arek Socha/Pixabay

Com a COVID-19 continuando tão enigmática aos especialistas no Brasil e no mundo, pesquisadores não param de buscar por pistas que podem ajudar a resolver parte do problema. É o caso dos cientistas da Universidade de São Paulo (USP), que, recentemente, identificaram sete proteínas presentes no plasma sanguíneo capazes de ajudar a indicar a gravidade da doença.

Entre 4 de maio e 4 de julho de 2020, os pesquisadores analisaram 163 pacientes internados no Hospital Estadual de Bauru com diagnóstico confirmado de COVID-19 por teste de RT-PCR. Os pacientes foram divididos em três grupos (casos suaves, severos e críticos). Ao comparar o proteoma dos três grupos, os pesquisadores observaram níveis altos das proteínas IREB2, GELS, POLR3D, PON1, SFTPD e ULBP6 apenas nos casos mais suaves.

Os cientistas coletaram amostras semanais para acompanhar a evolução de cada participante, que inclusive serão analisadas nas próximas etapas da pesquisa. Segundo os pesquisadores, a análise proteômica indicou uma proteína exclusiva de casos graves e críticos, a Gal-10. Apenas pacientes que foram internados na UTI apresentavam essa proteína no plasma sanguíneo.

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Enquanto isso, eles explicam que a proteína IREB2 impede a formação de ferritina, mediadora da desregulação do sistema imune. O objetivo agora é identificar drogas capazes de aumentar a expressão da IREB2 e reduzir a ferritina. Também foi selecionada para estudo a proteína ULBP6, associada à resposta imune adaptativa, a geosolina, que tem propriedades anti-inflamatórias, e a proteína POLR3D, que limitar a infeção por bactérias e vírus intracelulares.

Outras proteínas encontradas pelos pesquisadores da USP são SFTPD, que tem relação direta com a defesa do pulmão contra os microrganismos inalados, por formar uma espécie de camada protetora na superfície do órgão. “No nosso estudo, pacientes mais graves não tinham essa proteína. Com o agravamento da doença, o paciente vai ter pouca capacidade de proteger o pulmão”, explica  Marília Rabelo Buzalaf , pesquisadora do Departamento de Ciências Biológicas da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB-USP), em entrevista à Agência Fapesp.

A pesquisadora ainda fala sobre a última proteína selecionada, e que pode indicar caminhos para o desenvolvimento de novos tratamentos: a PON-1, que degrada fosfatos orgânicos. “Trata-se de uma molécula envolvida na proteção das lipoproteínas de baixa densidade contra o dano oxidativo e a formação de ateroma. Portanto, ela evita que aconteça peroxidação lipídica com dano para a parede do vaso sanguíneo. Mas também é importante para a resposta imune”, diz.

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Os dados preliminares do estudo em questão foram publicados na plataforma medRxiv, ainda sem a revisão de pares.

Fonte: Agência Fapesp