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Pesquisa no RS busca números mais precisos de infectados com coronavírus

Por| 03 de Abril de 2020 às 16h57

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Um dos grandes desafios para conter o avanço do novo coronavírus (SARS-CoV-2) é encontrar os infectados que ainda não apresentaram sintomas no meio de população. Todos os grande centros mundiais que têm conseguido agir proativamente nesse sentido, a exemplo da Islândia e Coreia do Sul, apresentam menor taxa de disseminação. O problema reside na quantidade de testes disponíveis e, agora, uma pesquisa inédita no Brasil, anunciada na segunda-feira (30) pelo governo do Estado do Rio Grande do Sul, vai realizar uma busca mais precisa, inclusive dos assintomáticos.

Ter um número mais realista do contingente de pessoas atingidas ajuda bastante as autoridades a agirem contra a COVID-19, e não apenas se prevenirem. Segundo o comunicado, quando os primeiros resultados surgirem, o estudo será uma das principais referências nacionais na definição de estratégias de enfrentamento da pandemia.

A iniciativa terá coordenação do reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Curi Hallal, que será o líder de um grupo de especialistas de outras quatro universidades federais do Rio Grande do Sul. Esse é um projeto do Comitê de Análise de Dados sobre a pandemia, instituído há poucos dias, e reúne pesquisadores do Departamento de Economia e Estatística (DEE/Seplag), técnicos e colaboradores externos das principais instituições de ensino superior e de hospitais.

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Como será feita a pesquisa?

A primeira rodada de aplicação dos testes por amostragem deve ocorrer a partir desta quinta-feira (2), assim que os kits disponibilizados pelo Ministério da Saúde chegarem ao Rio Grande do Sul. A expectativa é de que as quatro pesquisas de campo, que devem ser realizadas em um intervalo de duas semanas, consigam coletar 4,5 mil amostras cada — com um total de 18 mil exames.

Doutor em Epidemiologia, Hallal disse que será possível colher os resultados iniciais sobre a prevalência da COVID-19 na região dois dias após as avaliações. "Ao conhecermos a proporção de infectados e a velocidade de expansão da doença, poderemos recomendar estratégias para os serviços de saúde baseadas em dados reais, da nossa própria população. É algo que todos os governos, locais, regionais e nacionais precisam nesse momento", explicou o reitor.

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Atualmente, os testes são realizados apenas nos casos de internação. Como não é possível distribuir os kits para toda a população, esse estudo pode estimar com mais precisão a dimensão do contágio, a partir de exames em pessoas selecionadas — normalmente as que estiveram em regiões de risco, as que sentem sintomas mais característicos e ainda não desenvolveram quadros graves ou as que tiveram contato com infectados.

Por que esse tipo de pesquisa é importante?

Os dados coletados podem apontar o grau de letalidade da COVID-19 e um número mais realista de infectados em uma região. Isso ajuda a estabelecer a quantidade de Unidades de Terapia Intensiva UTIs), equipamentos e pessoal necessário para agir, de acordo com a demanda. Além disso, é possível compreender o estágio de disseminação e determinar quanto tempo o confinamento deve durar — amenizando assim, o impacto econômico e social do distanciamento social.

O Ministério da Saúde agora corre para aplicar esse modelo de pesquisa em todo o Brasil, a partir do próximo dia 9. De acordo com Hallal, o programa precisa de R$ 30 milhões para ser realizado em todo o país, mesmo com a ajuda das universidades federais. Para ter uma amostragem em todo o território, seriam necessários 33,5 mil testes em cada uma das três rodadas previstas para acontecer nos intervalos de duas semanas — com um total de 99.750 pessoas avaliadas. No Rio Grande do Sul, as duas primeiras etapas serão patrocinadas pelo governo federal, enquanto as outras duas devem ter apoio da iniciativa privada.

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Fonte: Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul, Folha de S. Paulo