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Pesquisa mostra que é possível implantar e remover memórias falsas em uma pessoa

Por| Editado por Luciana Zaramela | 12 de Maio de 2021 às 11h30

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wayhomestudio/Freepik
wayhomestudio/Freepik

Nos últimos anos, pesquisadores vêm demonstrando o quão fácil é enganar a mente a lembrar de algo que não aconteceu, o que é chamado de memória falsa. Agora, pela primeira vez, de acordo com um estudo publicado na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, cientistas conseguiram obter provas de que o cérebro é capaz de reverter essas memórias falsas da mesma forma em que elas são implantadas. 

A comprovação, segundo Aileen Oeberst, principal pesquisadora do estudo, nos apresenta a um fenômeno que é tão interessante quanto assustador. Os pesquisadores contam que, enquanto a memória de curto prazo nos permite entender o momento, a de longo prazo nos ajuda a unir a nossa identidade através de lembranças de experiências do passado. Porém, quanto mais antigas as memórias ficam, mais difíceis elas são de lembrar.

Oeberst exemplifica, dizendo que quando você pensa na sua infância, circunstâncias do presente acabam interferindo na reconstrução do seu passado. Sendo assim, as memórias não são reproduções de imagens do passado, mas sim reconstruções do que é possível se lembrar, que podem ser afetadas com base em quem está perguntando, por que e como.

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A pesquisa

No estudo, Oeberst implantou memórias falsas em 52 pessoas usando uma técnica de entrevista que faz perguntas sugestivas. Durante a primeira etapa, os pesquisadores pediram aos pais dos participantes do estudo para responderem a um questionário, além de criar algumas memórias da infância que são reais e duas que são plausíveis, mas falsas e de natureza negativa. Então, os participantes precisaram relembrar desses eventos inventados de uma forma detalhada.

Os testes aconteceram durante três encontros, um a cada duas semanas, e antes da terceira sessão mais da metade dos participantes (56%) desenvolveram e lembraram de memórias falsas, acreditando que os eventos realmente teriam acontecido. Henry Otgaar, pesquisador de memória falsa na Universidade de Maastricht e um dos revisores do estudo, conta que houve um aumento na quantidade de pessoas que acham que é difícil formar memórias falsas, o que a pesquisa prova que, na verdade, é fácil.

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"É muito provável que o que vemos nos experimentos em laboratório é a subestimação do que vemos em casos reais, quando, por exemplo, um policial ou um terapeuta está buscando memórias das pessoas", conta Otgaar, dizendo que é o que acontece quando há confissões falsas de culpa após interrogatórios. O estudo mostra, então, que reverter uma memória falsa é tão fácil quanto fazer ela surgir, e que nem é preciso saber a verdade para chegar a essa resposta.

Em outra etapa da pesquisa, outro entrevistador pediu que os participantes identificassem se algumas de suas memórias poderiam ser falsas, pensando nelas com senso crítico. Foram duas técnicas de sensibilização usadas pelos cientistas. A primeira foi a sensibilização da fonte, quando eles precisaram lembrar da fonte exata da memória, e a segunda foi a sensibilização de falsas memórias, quando é explicado aos participantes que essas falsas memórias podem ser criadas quando eles são pressionados a se lembrar de algo.

Através da técnica de sensibilização de memórias falsas, os participantes conseguiram recuperar a sua confiança ao sentimento inicial do que lembravam ou não. Oeberst cita a declaração de um dos participantes. "Não me lembro disso e talvez não seja culpa minha, talvez meus pais realmente tenham inventado algo e eles estavam errados", diz. Sendo assim, as mesmas técnicas usadas para gerar memórias falsas são as mesmas a serem usadas para revertê-las.

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Nem todos os participantes, no entanto, tiveram as suas memórias falsas revertidas. Entre 15% a 25% deles continuaram acreditando que o acontecimento falso era real, e um ano depois 74% dos participantes ainda reconheciam quais eram as memórias falsas ou nem ao menos se lembravam delas. Os pesquisadores deixam claro que ainda há pouco entendimento sobre o quão eficazes são essas técnicas e que ainda há muito para ser estudado.

A pesquisa está disponível para consulta online.

Fonte: Gizmodo