Pastilha que regenera esmalte promete curar sensibilidade nos dentes
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela | •

Quem tem hipersensibilidade dentinária, também conhecida como sensibilidade nos dentes, sabe o quão é difícil comer certos alimentos ou ingerir determinadas bebidas. Estas pessoas também sabem que, hoje, não existem soluções capazes de curar 100% o problema relacionado com alimentos quentes, frios, doces ou ácidos demais. Agora, um potencial tratamento, envolvendo pastilhas com os peptídeos sADP5, parece capaz de recuperar os dentes sensíveis.
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Para evitar esta dor bastante aguda, os pesquisadores da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, desenvolveram uma nova pastilha que restaura os minerais perdidos dos dentes, protegendo os nervos. No futuro, o composto poderá ser acrescentado em qualquer tipo de produto de saúde bucal, incluindo pastas e enxaguantes.
Publicado na revista científica ACS Biomaterials Science & Engineering, o recente estudo demonstra como a pastilha com peptídeos sADP5 reconstrói as microcamadas minerais do esmalte, o que deve criar uma proteção natural e duradoura aos dentes.
Como é o tratamento que cura os dentes sensíveis?
Antes de entender como a nova terapia funciona, é preciso compreender o que provoca a hipersensibilidade dentinária. Por exemplo, ao ingerirmos alimentos com grandes quantidades de açúcar, a saliva quebra esse açúcar em ácidos e estes desgastam o esmalte dos dentes. Quando esse processo é contínuo, ocorre a desmineralização. Isso expõe a camada subjacente, chamada dentina, abrindo literalmente pequenos canais para os nervos da polpa. As trocas de fluidos que ocorrem nesses canalículos são percebidas pelos nervos, e posteriormente traduzidas em sensibilidade.
Apesar da alta capacidade reparadora do corpo, o organismo não consegue reparar ou ainda regenerar o esmalte desgastado sozinho. Por isso, é difícil lidar com a sensibilidade dos dentes.
Só que, investigando esse processo, os cientistas descobriram o peptídeo sADP5, derivado da proteína amelogenina, que é fundamental no desenvolvimento biológico dos dentes. Ele consegue se conectar aos íons de cálcio e fosfato, os principais minerais dos dentes, e os usa para construir (ou reconstruir) as camadas minerais do esmalte.
Pastilha reconstrói os esmalte dos dentes
“Nossa tecnologia [em pastilhas] forma os mesmos minerais encontrados no dente, incluindo esmalte, cemento e dentina, que se dissolveram anteriormente por desmineralização e causam a sensibilidade”, afirma Sami Dogan, professor da universidade e um dos autores do estudo, em nota.
“As microcamadas minerais recém-formadas fecham os canais de comunicação com os nervos dos dentes e, assim, a hipersensibilidade deixa de ser um problema”, acrescenta sobre a solução. No entanto, ainda há um longo caminho de estudos antes que o produto final chegue ao mercado.
Pensando na saúde bucal, a área passa por grandes revoluções. Em paralelo a este estudo, cientistas chineses também testam um esmalte artificial para ser usado nos dentes, feito a partir de nanofios de hidroxiapatita. No Japão, pesquisadores propõem uma nova terapia que gera novos dentes — algo impensável até então —, que começará a ser testada ano que vem em humanos.