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Órgãos envelhecem em tempos diferentes no mesmo corpo, mostra novo estudo

Por| Editado por Luciana Zaramela | 21 de Março de 2022 às 19h40

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Twenty20photos/Envato Elements
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Uma equipe de cientistas chineses descobriu que existem diferentes velocidades de envelhecimento dentro de um mesmo organismo humano, ou seja, a idade cronológica não necessariamente representa a idade biológica de cada estrutura corporal. Em outras palavras, alguns órgãos podem envelhecer mais rápido ou mais devagar em cada indivíduo, dependendo de uma série de fatores.

Publicado na revista científica Cell Reports, o estudo que mede as diferenças entre as idades cronológicas e biológicas nos órgãos foi desenvolvido por cientistas de diferentes centros de pesquisa, como o Beijing Genomics Institute (BGI) e o China National GeneBank (CNGB).

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Durante a pesquisa, os autores investigaram centenas de características biológicas atrás de evidências de que alguns órgãos e sistemas podem envelhecer mais rápido que outros. Afinal, "as taxas de envelhecimento dos órgãos/sistemas são diversas", explicam os pesquisadores.

Órgãos com "idades" diferentes

Anteriormente, a ciência já sabia que as condições gerais de um organismo poderiam indicar uma idade biológica maior (ou menor) que a cronológica. As divergências entre as duas medidas estão relacionados com a saúde do indivíduo e são afetadas por fatores genéticos e comportamentais (estilo de vida), o que determina o ritmo do envelhecimento.

Agora, o estudo chinês busca medir essas diferenças entre os órgãos e tecidos de um mesmo indivíduo. Por exemplo, o sistema cardiovascular pode envelhecer mais rápido que o imunológico? Segundo os autores, sim.

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Para chegar a esta conclusão, a equipe coletou amostras de fezes e sangue de cerca de 480 pessoas com idades entre 20 e 45 anos. Em cada voluntário, foram registradas cerca de 400 marcadores biológicos. Estes biomarcadores permitiram analisar a idade biológica dos seguintes órgãos ou sistemas:

  • Rins;
  • Fígado;
  • Microbioma intestinal;
  • Sistema cardiovascular;
  • Sistema imunológico;
  • Sistema metabólico;
  • Sistema hormonal.

Em paralelo, os cientistas mediram a idade biológica através de testes de aptidão física e de análise das fotografias de rostos dos participantes. Para que os resultados fossem comparados, foi incluída a idade cronológica de cada indivíduo do estudo.

Segundo os autores, a idade biológica do sistema cardiovascular de um indivíduo foi a que mais se correlacionou com a idade cronológica. Agora, a idade biológica do microbioma intestinal foi a mais discrepante em relação ao que era esperado da idade cronológica. Por fim, a idade biológica do sistema hormonal e do fígado variou bastante entre os indivíduos.

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"No geral, os resultados de nossa abordagem sugerem que pode haver drivers/relógios de envelhecimento sistêmicos sobrepostos a contrapartes específicas de órgãos/tecidos", explicam os cientistas sobre os resultados obtidos.

Possíveis tratamentos médicos

Agora, a equipe planeja usar as descobertas sobre o envelhecimento biológico e o possível descolamento do cronológico para planejar novos tratamentos médicos. "Nossas avaliações abrangentes das taxas de envelhecimento usando biomarcadores multi-ômicos podem fornecer informações mais detalhadas, não apenas sobre qual parte do corpo é disfuncional, mas também para sugerir especificamente intervenções/drogas direcionadas a genes ou vias", completam.

Fonte: Cell Reports