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Organoide feito com células humanas chora pela primeira vez

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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Nos países baixos, cientistas do Hubrecht Institute desenvolveram o primeiro organoide — uma cultura 3D de células provenientes da conjuntiva, uma parte do olho humano — capaz de chorar. Calma, ninguém se emocionou e nem sentiu dor, já que estas células não estão ligadas ao tecido nervoso. 

Aqui, vale explicar que a conjuntiva é uma membrana mucosa transparente, responsável por proteger e lubrificar tanto o interior das pálpebras quanto a parte branca dos olhos (esclera). Ela também está diretamente conectada com as lágrimas.

A ideia do experimento foi compreender como funcionam as células da conjuntiva. Neste ponto, o experimento foi tão promissor que os cientistas descobriram até um novo tipo de células neste tecido, as células tufos. Até então, tinham sido encontradas no trato respiratório, no intestino e no pâncreas, mas nunca foram achadas nos olhos.

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Conforme explicam os autores em artigo publicado na revista  Cell Stem Cell, as descobertas e a criação desse organoide ajudarão outras pesquisas no desenvolvimento de remédios para a saúde ocular, indo de alergias até casos de câncer.

Lágrimas de organoide

Quando se pensa em lágrimas, a primeira associação é com o choro, aquelas lágrimas emocionais, liberadas em casos de raiva, dor ou mesmo alegria extrema, com doses do hormônio do estresse, o cortisol. 

No entanto, existem diferentes tipos de lágrimas liberadas pelos olhos que não têm fundo emocional, como as lágrimas reflexas e basais. Em ambos os casos, são apenas um tipo de defesa do organismo contra agentes externos e infecciosos. Elas também podem ajudar na lubrificação. Durante o experimento, apenas este segundo tipo foi induzido.

Estimulando a produção de lágrimas

“Depois de termos criado esses organoides funcionais, queríamos saber como a conjuntiva está envolvida na produção de lágrimas”, conta Marie Bannier Hélaouët, uma das pesquisadoras do estudo, em nota. Para isso, o organoide foi exposto a produtos alérgenos. 

Em resposta a essa alergia induzida, “os organoides começaram a produzir lágrimas completamente diferentes: havia mais muco [substância responsável por 'grudar' as lágrimas na superfície ocular], mas também havia mais componentes antimicrobianos [outro composto comum nesse tipo de solução]” do que o esperado, afirma Hélaouët. Nessas condições, a quantidade de células tufos ativas era maior.

A seguir, veja o que aconteceu com o organoide:

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Na primeira imagem (healthy), é possível ver as células produtoras de muco em seu estado natural. Após serem estimuladas pelos alérgenos, elas se tornam mais ativas e passam a produzir muco, o que está ligado com a produção das lágrimas, como observado na segunda imagem (allergy).

Futuro da pesquisa

Agora, os próximos passos do estudo envolvem entender como as doenças impactam a conjuntiva. “Podemos usar o nosso modelo para testar medicamentos para alergias ou para a doença do olho seco, por exemplo”, sugere Hélaouët. 

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Dependendo de como o cultivo dos organoides evoluir, no futuro, será viável a produção do tecido para implantes em casos de queimaduras oculares, câncer e até doenças genéticas.

Fonte: Cell Stem Cell e Hubrecht Institute